quinta-feira, 10 de agosto de 2017

ESPORTE

Medo e incerteza: atletas andrógenas podem ter direito de competir suspenso

Caster Semenya e Dutee Chand, que competem em Londres, estariam entre as afetadas

 
Caster Semenya entra na pista séria, impõe-se diante das adversárias e ostenta um título de campeã olímpica nos 800m. Dutee Chand aparece sempre sorridente, é pequenina e não passa nem perto de ameaçar as favoritas dos 100m. O ponto em comum entre a sul-africana e a asiática é o hiperandrogenismo, condição que faz seus corpos produzirem mais testosterona do que o normal. Ao final de setembro, as duas atletas podem ter que voltar a se submeter aos constrangedores e polêmicos testes de feminilidade e, possivelmente, ser impedidas de competir com outras mulheres.
 
 
Caster Semenya na disputa dos 1.500m em Londres: ela levaria o bronze (Foto: Getty Images) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caster Semenya na disputa dos 1.500m em Londres: ela levaria o bronze (Foto: Getty Images)
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino e considerado um esteroide anabolizante. Atletas como Semenya e Chand o produzem acima dos índices padrões para mulheres, o que é visto pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) como uma espécie de doping involuntário. No passado, ambas tiveram que passar por testes para provar sua feminilidade e chegaram a ser impedidas de correr. E indiana, então, levou seu caso à Corte Arbitral do Esporte (CAS), que suspendeu por dois anos a regra da IAAF que as barrava.


Neste período, a IAAF e a Agência Mundial Antidoping financiaram um estudo para provar que tais condições interferem diretamente nos resultados dos eventos. A pesquisa, cujos resultados foram publicados em julho no “British Journal of Sports Medicine” analisou os níveis de testosterona em 2127 amostras de sangue de atletas que competiram nos Mundiais de 2011 e 2013 e concluiu que havia diferença significativa em alguns eventos.
 
A maior margem de vantagem seria no lançamento de martelo, com 4,53%. Em sequência viriam salto com vara (2.94%), 400m com barreiras (2.78%), 400m (2.73) e 800m (1.78%), especialidade de Semenya, que busca seu primeiro título mundial em Londres a partir desta quinta-feira.
 
 
Tais conclusões devem ser apresentadas pela IAAF à CAS até o fim de setembro, e só então a Corte avaliará o futuro das atletas andrógenas. Por enquanto, Chand mantém-se confiante. Seus advogados acompanham atentamente cada desdobramento do caso. Caso a IAAF prove sua teste, as atletas podem ter que se submeter a terapias hormonais para serem aceitas nas competições.
 
 
A pequenina Chand acompanha os desdobramentos do processo atentamente (Foto: AP )
- Mesmo que tenham dado estes dois meses (entre a divulgação do estudo e a apelação da IAAF) é uma ameaça constante, é um medo que está sempre presente. Mas acredito nos meus advogados. Isso me dá forças para participar nos Jogos da Commonwealth e da Ásia (ambos em 2018) que estão por vir. Acredito que pode ir ao pódio nessas competições. Há uma tremenda pressão da mídia sobre o caso. É algo que vamos ter que esperar para ver.
Enquanto Chand não se importa em comentar sobre o assunto, Semenya o evita a todo custo. Já consagrada, com duas medalhas olímpicas e três em mundiais, a sul-africana prefere focar apenas no que faz quando está na pista.
- Eu não tenho tempo para esse assunto. Para mim, quando você houve uma música e ela é repetida eternamente, toda vez... Tem quase nove anos, é um pouco chato. Eu foco no futuro, não no passado.
 
 
 
 
 

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