Mais que um sobrevivente, Alan Ruschel valoriza recomeço: "Não quero piedade"
Jogador, que sobreviveu ao acidente com o avião da Chapecoense, volta a jogar na próxima segunda-feira, contra o Barcelona, no Camp Nou
Por Cahê Mota, Chapecó, SC
Messi de um lado, Suarez do outro, mas os holofotes voltados para Alan
Ruschel. O amistoso entre Barcelona e Chapecoense, segunda-feira, às
15h30 (de Brasília), no Camp Nou, é daqueles que justificam a frase:
“Não é só futebol”. Longe disso! O duelo tratado como celebração da vida
terá contornos históricos pelo retorno do lateral 252 dias após
sobreviver a um acidente de avião que matou 71 pessoas. E que fique bem
claro: por méritos.
Alan Ruschel fala das mudanças após acidente da Chape e jogo contra o Barcelona
A ligação é inevitável e imediata: quando entrar em campo, Alan levará
consigo a lembrança das 71 vítimas fatais da tragédia de 29 de novembro.
Homenagem natural de quem faz questão de olhar para frente para
aproveitar a segunda chance, principalmente após a bola rolar. Em campo,
estará o lateral, não o sobrevivente:
- Não quero ser tratado com piedade. Se conseguir voltar a jogar, é por
superar as expectativas e conseguir atuar em alto nível. Se perceber
que não estou conseguindo disputar posição, será o momento de repensar o
que fazer da vida e seguir meu mundo de uma outra forma. Não quero ser
marketing, sou um atleta como todos.
Protagonista em meio aos maiores craques do planeta, Alan Ruschel
recebeu o GloboEsporte.com em sua casa para falar do sacrificante
processo de recuperação, da nova pessoa que renasceu em Medellín, e até
mesmo da expectativa para marcar Messi:
- Tomara que eu não passe vergonha! (risos)
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Alan Ruschel se diverte com vídeo-game (Foto: Cahê Mota)
Psicológico
- A cada dia que passa tentamos melhorar a cabeça, o jeito que vai ser,
como vai ser, por que vai ser e para quê. Peço a Deus discernimento
para entender as coisas, que me oriente para fazer as coisas certas e
ter força psicológica para levar minha vida da melhor maneira.
Confiança para voltar
- Os médicos foram muito sinceros e não me deram a certeza de volta a
jogar. Deram a certeza de voltar a andar, correr, ter uma vida normal,
mas como atleta profissional não criaram essa expectativa. Então, queria
voltar a andar, a viver, caminhar... Depois, já em Chapecó, vi que
estava bem muito rápido e pensei que conseguiria voltar a jogar.
Um novo Alan
- Sou uma pessoa mais madura em tudo, como atleta e ser humano. Isso
transformou minha vida, me fez pensar e viver a vida de uma outra forma.
Tenho que aproveitar a oportunidade da melhor maneira possível.
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Alan Ruschel fala sobre retorno ao futebol (Foto: Cahê Mota)
Barcelona
- Minha vontade de voltar é tão grande que até esqueço que vou jogar
contra Messi, Suarez, os melhores do mundo. Vai ser um sonho realizado.
Jogo com eles no video game, torço por eles, vejo os jogos na Champions,
e estar ali será um sonho. É um jogo que vai acontecer, infelizmente,
por uma tragédia, mas, já que estaremos ali, vamos encarar da melhor
maneira perto dos ídolos.
Protagonismo
- É diferente. Nunca passei por esse protagonismo. Sempre fui bom
jogador, cheguei onde cheguei por isso, mas esse protagonismo eu nunca
tive. Ainda não parei direito, só quando acontecer que vou saber. É mais
o agradecimento, a gratidão. Minha ida é mais por isso.
Duelo com Messi
- Vou estar do lado daquela canhotinha ali. Vamos ver o que vai acontecer. Tomara que eu não passe vergonha (risos).
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