Palmas para Bolt, vaias para Gatlin: fãs tornam velho rival o anti-herói dos 100m
Atletas voltam à pista neste sábado para semifinais e final da prova
No último Mundial, Justin Gatlin era indiscutivelmente a maior ameaça
ao reinado de Usain Bolt. Estava voando nas pistas e sobrando nas
baterias no Ninho do Pássaro, mas o título lhe escapou por um centésimo.
Desta vez as apostas eram na nova geração. Andre De Grasse, Christian
Coleman... A pergunta era qual dos novatos poderia estragar a despedida
do Raio. Mas as vaias para o americano do início ao fim das eliminatórias,
além da atuação aquém do esperado de alguns novos nomes, reconduziram o
campeão olímpico de 2004 no papel de anti-herói. Será que Gatlin, aos
35 anos, ainda pode ser um estraga-prazeres e tirar o brilho da festa de
Bolt?
Justin Gatlin vence a quinta bateria dos 100m rasos do Mundial de atletismo
O duelo mais aguardado do Mundial seria com De Grasse, apontado pelo
próprio jamaicano como seu possível sucessor após o bronze nos Mundial
de 2015 e nos Jogos do Rio. Além dos resultados nas pistas, uma
declaração do técnico do canadense afirmando que seu pupilo teria sido
excluído da Diamond League de Mônaco para que o caminho de Bolt fosse
facilitado esquentou os ânimos. A interferência foi negada, e o Raio
disse publicamente que foi desrespeitado pelo jovem rival. Quando
parecia que um duelo em Londres colocaria os dois à prova, De Grasse
anunciou uma lesão que o tiraria do evento.
Christian Coleman, líder do ranking mundial, tornou-se a bola da vez.
Venceu a primeira das baterias com folga, claramente reduzindo o ritmo
no fim, e passou com o segundo melhor tempo geral (10s01). Mas possui
pouca experiência em grandes eventos e, na seletiva americana, levou a
pior no mano a mano com Gatlin.
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O veterano, por sua vez, mostra nervos mais do que controlados mesmo
diante de muita pressão. Foi vaiado no instante que foi anunciado pelo
sistema de som do estádio – assim como havia sido há dois anos em Pequim
– e não esboçou o menor abalo. Venceu sua bateria com 10s05, tomou mais
uma rodada de vaias e não alterou o semblante.
- Não estou preocupado com o público e só foco na minha largada e na
minha corrida. Estou apenas aqui, vendo meus colegas, vendo meu
compatriota correr e me sentindo bem – desconversou.
Gatlin sofre com tal comportamento das torcidas mundo afora por ter um
histórico de doping na carreira. Flagrado no passado pelo uso de
esteroides, ele cumpriu quatro anos de suspensão. Passou a lidar com a
desconfiança da mídia e do público, sobretudo quando cresceu de
rendimento já em um teórico fim de carreira.
No outro extremo de tratamento estava Bolt. O jamaicano apareceu pela
primeira vez no telão quando ainda estava no aquecimento e já gerou
frisson. Ao entrar no estádio, logo depois de Gatlin vencer a bateria,
foi ovacionado. Cada movimento, cada careta para a câmera era motivo
para vibração dos fãs. Quando cruzou na frente mesmo após um início
ruim, o estádio foi à loucura – só não mais do que quando Mo Farah
conquistou o primeiro ouro do Mundial, ao final do dia.
- O público é sempre maravilhoso. Eles sempre me dão muito amor e eu
sempre gosto de estar aqui. Estou empolgado em ir para a final e fazer
meu trabalho da melhor forma. Tenho que trabalhar duro, mas estou feliz
que tenha precisado me esforçar mais para tirar a teia de aranha. Estou
me sentindo bem, mas não foi uma ótima corrida – disse Bolt.
GLOBO ESPORTE
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