domingo, 6 de agosto de 2017

ESPORTE




Palmas para Bolt, vaias para Gatlin: fãs tornam velho rival o anti-herói dos 100m

 

Atletas voltam à pista neste sábado para semifinais e final da prova

 

No último Mundial, Justin Gatlin era indiscutivelmente a maior ameaça ao reinado de Usain Bolt. Estava voando nas pistas e sobrando nas baterias no Ninho do Pássaro, mas o título lhe escapou por um centésimo. Desta vez as apostas eram na nova geração. Andre De Grasse, Christian Coleman... A pergunta era qual dos novatos poderia estragar a despedida do Raio. Mas as vaias para o americano do início ao fim das eliminatórias, além da atuação aquém do esperado de alguns novos nomes, reconduziram o campeão olímpico de 2004 no papel de anti-herói. Será que Gatlin, aos 35 anos, ainda pode ser um estraga-prazeres e tirar o brilho da festa de Bolt?
 
 
Justin Gatlin vence a quinta bateria dos 100m rasos do Mundial de atletismo
O duelo mais aguardado do Mundial seria com De Grasse, apontado pelo próprio jamaicano como seu possível sucessor após o bronze nos Mundial de 2015 e nos Jogos do Rio. Além dos resultados nas pistas, uma declaração do técnico do canadense afirmando que seu pupilo teria sido excluído da Diamond League de Mônaco para que o caminho de Bolt fosse facilitado esquentou os ânimos. A interferência foi negada, e o Raio disse publicamente que foi desrespeitado pelo jovem rival. Quando parecia que um duelo em Londres colocaria os dois à prova, De Grasse anunciou uma lesão que o tiraria do evento.
 
 
Christian Coleman, líder do ranking mundial, tornou-se a bola da vez. Venceu a primeira das baterias com folga, claramente reduzindo o ritmo no fim, e passou com o segundo melhor tempo geral (10s01). Mas possui pouca experiência em grandes eventos e, na seletiva americana, levou a pior no mano a mano com Gatlin.
 
 
Usain Bolt e Justin Gatlin se encontram após vencerem suas respectivas baterias nas eliminatórias (Foto: Reuters) 
 
 
O veterano, por sua vez, mostra nervos mais do que controlados mesmo diante de muita pressão. Foi vaiado no instante que foi anunciado pelo sistema de som do estádio – assim como havia sido há dois anos em Pequim – e não esboçou o menor abalo. Venceu sua bateria com 10s05, tomou mais uma rodada de vaias e não alterou o semblante.  

- Não estou preocupado com o público e só foco na minha largada e na minha corrida. Estou apenas aqui, vendo meus colegas, vendo meu compatriota correr e me sentindo bem – desconversou.
 
 
Gatlin sofre com tal comportamento das torcidas mundo afora por ter um histórico de doping na carreira. Flagrado no passado pelo uso de esteroides, ele cumpriu quatro anos de suspensão. Passou a lidar com a desconfiança da mídia e do público, sobretudo quando cresceu de rendimento já em um teórico fim de carreira.
 
 
No outro extremo de tratamento estava Bolt. O jamaicano apareceu pela primeira vez no telão quando ainda estava no aquecimento e já gerou frisson. Ao entrar no estádio, logo depois de Gatlin vencer a bateria, foi ovacionado. Cada movimento, cada careta para a câmera era motivo para vibração dos fãs. Quando cruzou na frente mesmo após um início ruim, o estádio foi à loucura – só não mais do que quando Mo Farah conquistou o primeiro ouro do Mundial, ao final do dia.
 
 
 
- O público é sempre maravilhoso. Eles sempre me dão muito amor e eu sempre gosto de estar aqui. Estou empolgado em ir para a final e fazer meu trabalho da melhor forma. Tenho que trabalhar duro, mas estou feliz que tenha precisado me esforçar mais para tirar a teia de aranha. Estou me sentindo bem, mas não foi uma ótima corrida – disse Bolt.
 
GLOBO ESPORTE
 
 
 
 
 

 

 

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