Minha
Casa Minha Vida:
56,4% dos imóveis
apresentam defeitos na
construção
As principais foram: infiltrações, falta de prumo (verticalidade de paredes e colunas) e de esquadros (se os planos medidos estão com ângulo reto), trincas e vazamentos. FOTO: Reprodução |
O Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União (CGU) divulga o resultado da avaliação da
execução do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), para beneficiários
das faixas 2 e 3, financiado com recursos do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS). O objetivo foi verificar a regularidade dos
contratos da Caixa Econômica Federal com as construtoras e com os
mutuários; o impacto no déficit habitacional estimado; a elegibilidade
do público-alvo; e o nível de satisfação dos beneficiários.
O relatório consolida dados de 77
empreendimentos ou contratos celebrados entre a Caixa e as construtoras,
distribuídos em doze estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas
Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), com cerca de 30 contratos
individuais de compradores para cada empreendimento visitado. Os
trabalhos de campo foram realizados em 2015, com a análise de 2.166
contratos e 1.472 unidades habitacionais de beneficiários que
responderam à pesquisa de satisfação e foram contemplados nas
fiscalizações da CGU.
Com relação às construções, foram
observados defeitos em 56,4% das unidades da amostra visitada, falhas
estruturais ocorridas dentro do prazo de garantia. As principais foram:
infiltrações, falta de prumo (verticalidade de paredes e colunas) e de
esquadros (se os planos medidos estão com ângulo reto), trincas e
vazamentos. Já quanto à área externa, menos de 20% dos moradores
informaram situações de alagamento, iluminação deficiente e falta de
pavimentação.
Apesar dos problemas apontados, a
satisfação dos beneficiários entrevistados em relação aos imóveis se
mostrou positiva: o nível foi considerado “Alto” em 33,1% dos casos e
“Médio” em 47,2%. O resultado pode estar relacionado ao fato de a Caixa e
as construtoras terem oferecido assistência e reparos às deteriorações
dentro do prazo de garantia, que dependendo do item construtivo, pode
ser de até cinco anos, conforme estabelecido no Código Civil.
O número de unidades habitacionais
entregues pelo PMCMV-FGTS não resultou em redução efetiva do déficit
habitacional, mas contribuiu para conter seu avanço. Também foi
observado que a estratégia adotada no planejamento das alocações de
recursos entre as regiões sofreu desfiguração ao longo da implementação
do Programa, o que gerou resultados positivos em alguns estados e
insatisfatórios em outros, de acordo com as metas estipuladas.
A conformidade dos procedimentos a cargo
da Caixa para formalização do contrato de financiamento e liberação dos
recursos mostrou-se satisfatória devido às regulares análises técnica,
jurídica e financeira efetuadas pelos agentes financeiros. No entanto,
verificaram-se falhas formais, especialmente em relação à falta de
licença ambiental em empreendimentos. Em relação ao público-alvo,
pode-se considerar que os beneficiários da amostra avaliada se
enquadravam nas faixas de renda do PMCMV-FGTS.
Dentre as principais razões para a
fiscalização do PMCMV-FGTS, está sua relevância no contexto
econômico-social, pois garantiu o acesso da população de baixa renda à
casa própria e viabilizou a geração de milhares de postos de trabalho.
No período de 2009 a 2014, houve financiamento de R$ 225,5 bilhões para a
construção/aquisição de quase 3 milhões de unidades habitacionais.
Recomendações
O Ministério da Transparência (CGU)
considera que a execução do PMCMV-FGTS apresenta resultados
satisfatórios, com oportunidades de aprimoramentos para mitigar as
fragilidades identificadas.
A CGU recomendou ao Conselho Curador do
FGTS e ao Ministério das Cidades (MCid) elaborar estudo para identificar
as causas da reduzida demanda de alocação de recursos do Fundo nas
localidades que, embora tenham déficit habitacional significativo,
registraram baixa execução.
Outra recomendação ao MCid foi a criação
de painéis indicadores que permitam observar e avaliar, periodicamente,
por unidade da federação e por tipo de programa, no mínimo, os
seguintes aspectos: construtoras com maior número de problemas; tipos de
defeitos comuns nas unidades habitacionais; principais situações
causadoras de atrasos nas obras; e localidades com maior número de
falhas.
A Caixa foi orientada a avaliar os
procedimentos de conformidade ambiental implementados pelas instituições
financeiras habilitadas. Também foi orientado aos agentes responsáveis
pelas operações de financiamento verificar o extrato de conta vinculada
do FGTS e o comprovante apresentado no momento do enquadramento do
benefício, de forma a validar a renda familiar.
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