
Os processadores gráficos presentes nas placas de vídeo são incrivelmente poderosos. Nos mais recentes lançamentos, as fabricantes enalteceram justamente essa questão do “poder computacional”, algo que também é usado como parâmetro de comparação entre consoles.
A evolução desses componentes foi tão significante que vários aplicativos passaram a usar a GPU para acelerar tarefas específicas. Às vezes, uma atividade que demorava horas para ser finalizada na CPU, agora é realizada em poucos minutos na GPU.
Todavia, se repararmos, gigantes como Intel e AMD continuam investindo pesado em novas arquiteturas para processadores, o que pode deixar muitas dúvidas sobre o rumo das coisas neste avanço tecnológico. Afinal, se a GPU é tão superior, por que ainda usamos CPUs? Aliás, como é possível um chip gráfico desempenhar melhor do que um processador?
O assunto é bastante complexo, ainda mais se pensarmos justamente nas propostas de cada peça, uma vez que um chip gráfico parece muito mais apropriado para tarefas de vídeo, não é mesmo? Afinal, por que não é possível trocar os tradicionais processadores da Intel e AMD por chips gráficos da NVIDIA e AMD? Vamos esclarecer um pouco dessa história!
Propósitos completamente distintos
A resposta mais óbvia para estas perguntas pode parecer um tanto “curta e grossa”, mas é a mais sucinta possível: um chip de vídeo não pode substituir um processador porque ele não é um processador. Essas duas peças são completamente distintas em formatos, arquiteturas, linguagens, funcionamento e características.
A CPU é a unidade central de processamento do computador e, como o nome diz, ela é o centro de tudo. O processador é instalado na placa-mãe e se conecta a todos os outros componentes da máquina, sendo inclusive o responsável por controlar a atividade de várias dessas peças, incluindo a placa de vídeo.
O processador é o cérebro de tudo e concentra várias tarefas. Ele cuida de atividades simples, como o carregamento dos aplicativos (delegando ações para memória RAM, HD, chip de rede e placa de vídeo), até as situações mais complexas — como a execução de filtros complexos no seu editor de imagens favorito.
A GPU é a unidade de processamento gráfico, sendo responsável, essencialmente, pela parte de vídeo em quaisquer aplicações. Seja a interface do sistema operacional, os vídeos aos quais você assiste no YouTube, as imagens na sua galeria de fotos ou as texturas e polígonos de um jogo, todas essas tarefas são realizadas diretamente no processador de vídeo.
Essas são características gerais dos componentes, mas, numa perspectiva intrínseca, podemos dizer que a CPU é focada em tarefas que demandam mais cálculos e operações complexas que necessitam de poucos núcleos e clocks mais altos. A GPU é mais voltada para cálculos simples em múltiplos núcleos, sendo que ela trabalha com clocks mais baixos. Fora isso, as duas têm arquiteturas muito diferentes, o que requisita linguagens completamente distintas.
Computadores totalmente diferentes
Esta distinção entre os componentes já evidencia como é complexo “trocar a CPU pela GPU”. Um processador de vídeo não tem em sua natureza a responsabilidade de repassar ações para outras peças ou de efetuar tarefas básicas. Trata-se de um componente focado em vídeo, que tem recursos dedicados, incluindo memória própria, para os propósitos gráficos.
No caso de uma suposta máquina em que fosse possível trocar a CPU pela GPU, toda a arquitetura deveria ser reprogramada, pois as atuais máquinas não são preparadas para centralizar o processamento na placa de vídeo. Um chip gráfico não tem os requisitos básicos para controlar a BIOS e “puxar” toda a responsabilidade no controle das peças para si.
É importante notar que apesar de a GPU não ser uma solução prática para substituir a CPU nos computadores pessoais, ela pode ser uma alternativa viável em servidores, data centers, máquinas focadas em deep learning e na computação em nuvem.
Todavia, para tais aplicações, em vez de usar uma GeForce ou uma Radeon tradicional, as empresas apostam em chips mais sofisticados, como o NVIDIA Tesla ou o AMD Radeon Instinct, e tecnologias avançadas de inteligência artificial, tal qual a NVIDIA Volta. Talvez, no futuro, as GPUs tomem a vez das CPUs nos computadores, mas, por ora, esta não é uma solução prática.
Tec Mundo
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