quinta-feira, 13 de julho de 2017

POLITICA




Especialistas pedem mais investimento em ciência e tecnologia

Em seminário na Câmara dos Deputados, parlamentares e especialistas defenderam investimento regular e de valor fixo no setor de ciência e tecnologia. Eles alertaram que o País já teve avanços na área, mas tem perdido pesquisadores e regredido em pesquisa e inovação quando comparado a outras nações.
O seminário, promovido pela Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, teve como objetivo discutir a situação orçamentária do setor. Segundo o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), com a crise econômica no Brasil e por não ter uma política de investimento fixo, as verbas de ciência e tecnologia sofreram um corte "drástico".
"A saúde e a educação têm um índice constitucional. O ideal é que nós tivéssemos algo nesse estilo para a área de P&D [pesquisa e desenvolvimento] e ciência. Que tivesse um índice, um valor, uma proporção do PIB[Produto Interno Bruto], que não se mexesse. Se você já tem o orçamento, já separa ele para o setor”, disse o deputado.
Celso Pansera ressaltou que, atualmente, é difícil fazer o planejamento orçamentário para pesquisas que, em sua maioria, necessitam de vários anos para serem concluídas. “Não dá para fazer o investimento e não ter certeza de que daqui a dois, três anos, você vai ter o dinheiro, muito menos daqui a dez anos”, declarou.
Ainda segundo o deputado, há perspectiva de que, em setembro, institutos de pesquisa ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia não tenham orçamento para o restante do ano. Dados do Índice Global de Inovação indicam que o Brasil já perdeu 22 posições entre 127 países, nos últimos 7 anos.
Perda de recursos
O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane, destacou que a falta de investimento pode comprometer o que foi construído. Para ele, agora é o momento de tirar proveito dos investimentos já realizados. “Nós fizemos um esforço de décadas, mas devemos continuar. Porque é isso que os países com os quais nós concorremos no mercado mundial estão fazendo”, afirmou.
Laplane criticou a situação atual do setor. “Nós já estamos perdendo recursos humanos, jovens cientistas estão indo para o exterior. Estamos perdendo capacidade de infraestrutura laboratorial porque não há recursos para a manutenção dos equipamentos que quebram. Estamos desinvestindo”, lamentou.
Estratégia de desenvolvimento
A diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, ressaltou que países mais competitivos têm elegido a inovação como estratégia principal para o desenvolvimento econômico. Segundo ela, o Brasil pode se destacar e crescer no setor. Para isso, precisa priorizar esse tipo de investimento.
“Nós somos um país grande, um país rico, temos um setor empresarial sofisticado, uma produção acadêmica de excelente nível se comparada a outros países, mas precisamos canalizar tudo isso de forma a alavancar a ciência, a tecnologia e a inovação. Como fazer isso? Através de políticas públicas e de investimentos públicos e privados”, afirmou.
Para o representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Wanderley de Souza, além dos pesquisadores, as próprias agências estão desmotivadas.
Já o presidente substituto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Marcelo Morales, ressaltou que é preciso investimento, se não o País estará fadado ao fracasso.
Para chamar atenção sobre o tema e sensibilizar as pessoas da necessidade de mais investimentos no setor, será realizada uma comissão geral na Câmara nesta quarta-feira (12).
Reportagem – Leilane Gama
Edição – Pierre Triboli

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias

Nenhum comentário:

Postar um comentário