Irmãos brasilienses correm contra o tempo atrás de dinheiro para torneio na Argentina

A campanha para viajar começou
em janeiro. Segundo a mãe e maior patrocinadora dos filhos, Valéria
Lima, 37 anos, os custos ficariam entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Os
valores incluem as inscrições, cobradas em dólares, hospedagem e
hotel. As passagens, normalmente, são adquiridas por meio do
programa Compete Brasília e já foram solicitadas, mas nem mesmo
isso está certo.
Logo, a solução encontrada
foi vender rifas, bater na porta de comerciantes locais e empresários
em busca de colaborações. O método, porém, não dá os resultados
esperados. Valéria conta que a resposta é sempre a mesma.
“Infelizmente, até o momento, não conseguimos nada. A resposta
que eles dão é sempre negativa, alegando a crise em que o país se
encontra.” A mãe acredita que por, serem crianças, as empresas
não dão muita credibilidade. “Eles têm um currículo bom para
quem começou em 2012, mas o reconhecimento para se transformar em
patrocínio é muito difícil”, desabafa.
Com a rifa e a ajuda de
amigos, a família conseguiu juntar R$ 650, o necessário para pagar
somente as inscrições. “Se não conseguirmos, infelizmente, eles
não viajarão porque não tenho de onde tirar o dinheiro”,
lamenta. A dona de casa lembra que não é a primeira vez que os
meninos ficam de fora de uma competição. Las Vegas, Irlanda e
Polônia se tornaram alguns destinos frustrados. “Já ficamos sem
ir até a torneios dentro do Brasil por falta de uma ajuda maior”,
conta.
O pai dos meninos e marido de
Valéria, Jackson Alberto Pereira de Moura, 37, é técnico de
informática e a renda da família vem toda do trabalho. Moradores de
Samambaia, os irmãos treinam em uma academia em Taguatinga, todos os
dias. A mãe é a responsável por acompanhar os meninos nos treinos
diários. A parte mais difícil é ter que explicar aos filhos que
não vão competir. “É triste porque eles se dedicam mais ainda
quando existe um torneio em vista, mas falo que o conhecimento e o
esforço nunca são perdidos”, explica.
Prejuízo no futuro
O presidente da Federação
Brasiliense de Karate Interestilos (FBKI), Marcelo Lima, 34 anos,
acredita que a falta de patrocínio no esporte é algo cultural. “Eu
dou aula há 20 anos e já vi isso acontecer com vários alunos. Às
vezes, faltam ferramentas para ajudar”, diz. Para ele, a
importância da presença dos atletas nas competições reflete no
futuro. “Em pouco tempo, essas crianças vão poder concorrer ao
Bolsa Atleta e é importante que eles tenham esses títulos no
currículo”, analisa.
Apesar da pouca idade, os
pequenos caratecas entendem. Marcos afirma que o esporte não é
apenas um hobby. “A gente não representa apenas o Brasil, mas
Brasília também. Quando nós conseguimos ir, damos o nosso máximo.”
A relação com o caratê começou com apenas 2 anos de idade. No
maternal, eles conheceram a modalidade e, desde então, não pararam
de praticar. Maria Eduarda até optou por desistir das aulas de jazz
para focar os esforços na arte marcial.
Os resultados começaram a
aparecer logo no início, em 2012. Um dos mais importantes foi no
Pan-Americano de Caratê Interestilos em 2015, na Argentina, onde
Marcos ficou em primeiro lugar com a equipe na categoria kumitê e o
segundo lugar em kata individual. No mesmo campeonato, a irmã foi
ouro na categoria kumitê individual e também no kata individual.
Organização dentro de uma
modalidade
O Brasil possui duas
confederações de caratê. A Confederação Brasileira de Karatê
(CBK), responsável por coordenar a modalidade olímpica de caratê,
e a Confederação Brasileira de Karatê Interestilos (CBKI), que
coordena todos os outros tipos existentes da arte marcial. De acordo
com o presidente da Federação Brasiliense de Karate Interestilos,
Marcelo Lima, existem diferentes tipos da luta no Oriente. “Uma
confederação não conseguia atingir todos esses tipos de caratê
que existiam”, diz. Cada modalidade tem um modo diferente de
disputa. Dessa forma, a CBKI é responsável por coordenar
competições de diferentes estilos.
Fonte: SE MAIS ESPORTES
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