Manifestação
de 1º de maio
tem confronto na França
![]() |
Policial é engolido pelas chamas em protesto em Paris (Foto: Zakaria Abdelkaf/AFP) |
Manifestantes e policiais entraram em confronto em protesto de 1º de
maio em Paris. Segundo a emissora BFMTV, um grupo de pessoas mascaradas
se misturou a um protesto pelo Dia do Trabalho e jogou coquetéis molotov
contra policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.
De acordo com a emissora, três agentes de segurança ficaram feridos. A
manifestação, liderada por quatro sindicatos atrás de um cartaz com o
lema "Contra os retrocessos sociais, caldo de cultivo da
extrema-direita", teve que parar em várias ocasiões.
Vários indivíduos, situados diante da manifestação, enfrentaram os
policiais com projéteis, às vezes encontrados no lugar, e com coquetéis
molotov. Igualmente, vários episódios de destruição mancharam a
manifestação.
Desunião
Os sindicatos não conseguiram neste ano repetir a união sindical que
promoveram em 2002 para evitar que Jean-Marie Le Pen, então candidato
classificado para o segundo turno da eleição presidencial contra o
conservador Jacques Chirac, chegasse à presidência.
Nesta segunda-feira marcharam divididos sobre as intenções de voto para
bloquear a atual candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que
enfrentará nas urnas no dia 7 de maio o centrista Emmanuel Macron.
A segurança foi bastante reforçada nesta segunda de protestos a seis
dias do segundo turno das eleições presidenciais. Há 9 mil policiais
mobilizados para acompanhar as manifestações.
Os candidatos continuam com suas campanhas. Em um discurso agressivo,
Marine Le Pen convocou os franceses a "bloquear as finanças, a
arrogância, o rei dinheiro", acusando seu rival de ser "o candidato do
sistema" por ter trabalhado no setor bancário e como ministro do
presidente socialista François Hollande.
Antes deste comício, autoridades de seu partido, a Frente Nacional,
depositaram flores ao pé de uma estátua de Joana d'Arc em Paris,
homenageada por "seu amor à nação" em cada 1º de maio por este partido
anti-imigração e anti-UE.
Enquanto isso, Emmanuel Macron, que fará um comício no fim do dia,
descerrava uma placa em memória de um jovem marroquino assassinado em
Paris por militantes próximos à ultradireita em 1995 à margem de uma
concentração política de Jean-Marie Le Pen, pai da candidata da
extrema-direita e fundador da Frente Nacional em 1972.
Com a intenção de se situar no campo dos valores que pretende encarnar
diante da ultradireita, o centrista de 39 anos acompanhou várias
celebrações relacionadas à luta contra o extremismo e a barbárie da
Segunda Guerra Mundial.
A margem de diferença entre os dois candidatos diminui. As pesquisas
apontam que Macron tem 59% das intenções de voto, contra 41% para Le
Pen.
Por todo o país, várias dezenas de milhares de pessoas se manifestaram
contra Marine Le Pen, mas também contra o liberalismo de Emmanuel
Macron.
No entanto, a união sindical que se formou em 2002 contra o pai da
candidata da Frente Nacional, o ultradireitista Jean-Marie Le Pen, no
segundo turno, não se repetiu desta vez.
Neste ano, os sindicatos estão divididos em relação aos seus apoios e ao lema para a tradicional marcha do Dia do Trabalhador.
Baguete, em francos
Por um lado, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e o
UNSA pediram votos para Macron no segundo turno, que será realizado em 7
de maio.
Junto com a Federação de Associações Geral de Estudantes (FAGE),
marcaram um protesto pela manhã no nordeste de Paris para expressar sua
rejeição "à visão reacionária e identitária da Frente Nacional".
Do outro lado estão os sindicatos de esquerda, a CGT, a FSU, Solidaires
e Força Operária (FO). Os três primeiros apelaram pelo bloqueio ao
caminho de Le Pen, mas sem mencionar diretamente Macron. A FO seguiu
fiel a sua tendência de manter uma independência diante de outros
partidos políticos e se absteve de dar apoios.
Estes quatro sindicatos planejavam marchar juntos a partir das 14h30
(09h30 de Brasília) no tradicional percurso entre a Praça da República e
a Praça da Nação, em Paris.
Várias centenas de manifestantes se reuniram paralelamente em Paris
"contra o fascismo e o capitalismo", atendendo ao chamado de
organizações anarquistas. Uma "marcha negra" contra a extrema-direita
também estava marcada para esta segunda-feira.
No dia 1º de maio de 2002, 1,3 milhão de pessoas saíram às ruas de
Paris e de toda a França, convocadas pelos sindicatos para "bloquear com
o voto Jean-Marie Le Pen" que, com 18% dos votos, foi vencido por
Jacques Chirac.
Em um país atingido pela desindustrialização e por um desemprego
endêmico de 10%, a candidata da ultradireita, que tenta suavizar a
imagem de seu partido, se apresenta como a candidata "do povo e dos
trabalhadores".
Se for eleita, "um ano depois, muito provavelmente", os franceses
pagarão sua baguete em francos, prometeu seu braço direito, Florian
Philippot.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário