Terrorismo
chega à Champs-Elysées, a
‘avenida mais bela do mundo’
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Ataque tem repercussão maior por ocorrer num dos principais cartões-postais de Paris Foto:CHRISTIAN HARTMANN / REUTERS
Orgulhosamente
denominada pelos franceses de “avenida mais bela do mundo”, a
Champs-Elysées é um dos lugares mais emblemáticos de Paris e da
História da França.
Um ataque terrorista no
local atinge não apenas a segurança dos cerca de 300 mil franceses
e turistas que circulam diariamente por seus dois quilômetros de
comprimento e 70 metros de largura: trata-se de uma agressão
triplamente simbólica, por ter ocorrido na celebrada avenida; contra
policiais, agentes do Estado francês; e às vésperas de uma eleição
presidencial.
Ocupada por um grande número de restaurantes, bares e lojas de vistosas vitrines, a famosa via é delimitada em uma de suas pontas pelo Arco do Triunfo, monumento que após a Primeira Guerra Mundial passou a homenagear o “soldado desconhecido”. À margem de seu outro extremo, encontra-se o Palácio do Eliseu, sede da Presidência da República, e um pouco mais abaixo, a embaixada dos Estados Unidos — dois dos prédios mais protegidos do país.
Comemorações esportivas
Projetada inicialmente
no século XVII como uma continuidade do Jardim das Tulherias, com o
tempo a Avenida Champs-Elysées se tornou um passeio público
independente. Na época, no entanto, não havia ainda uma população
residente e comerciante. Mas sua popularidade era amplamente comprovada:
em dias de festa ou aos domingos, de 12 mil a 15 mil pessoas se
deslocavam em caminhadas por suas largas calçadas e alamedas.
O ancestral do moderno flâneur de nossos dias — inicialmente
personalizado pelo poeta Charles Baudelaire e investigado pelo filósofo
Walter Benjamin — é o caminhante parisiense que, passo a passo, se
formou no decorrer do século XVIII.
No século passado, a avenida foi palco da efusiva manifestação na
libertação de Paris da dominação nazista, na Segunda Guerra Mundial, com
cenas marcadas até hoje na memória dos franceses. Nos dias de hoje, é
anualmente tomada pela população no desfile do feriado nacional de 14 de
julho, data da queda Bastilha, na Revolução Francesa.
Em vitórias esportivas — seja no rugby ou no futebol — torcedores
invadem a avenida, em comemorações que se alastram até a madrugada.
O local também é cenário, a cada verão, da etapa final do Tour de France, competição ciclista de repercussão internacional.
Toda esta alegria acumulada ao longo dos anos foi abafada pelos tiros
do ódio terrorista. Campos Elíseos significa o paraíso na mitologia
grega, abrigo dos virtuosos e heróis, adornado por bucólicas paisagens.
À noite, o festivo cotidiano da avenida foi substituído pelo medo e
pelo estridente som de sirenes de ambulância, viaturas de polícia e
carros de bombeiros, com manchas de sangue em seu solo secular. Paris
ganhou mais um endereço na macabra lista de ataques terroristas. Os
franceses já nem se perguntam mais quando tudo isso vai acabar.
Fonte: O Globo
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