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Muita gente fica estarrecida
com as imagens televisas de pessoas decapitando outras, mostradas
nestes dois massacres recentes: o de Manaus, com 64 mortos, e de
Roraima, com quase 40.
Quem se choca com as cenas nem
se apercebe de que as justificativas e as medidas tomadas pelas
autoridades são mais preocupantes. Também não se atentam para o
fato de “acidentes”, como disse o presidente Michel Temer, se
repetirem há décadas, e de que as medidas tomadas no passado, que
não resolveram nem amenizaram nada, também são iguaizinhas as de
hoje.
Até a cobertura da imprensa
sobre o assunto é igual a de 1992, quando 111 pessoas foram mortas
pela polícia Militar de São Paulo no complexo do Carandiru. Os
diagnósticos dos “especialistas” idem. Vejamos os mais comuns.
Explicam, por exemplo, que os
condenados deveriam ficar separados entre aqueles que cometeram
crimes menos graves daqueles sanguinários. Também são sempre
mencionadas a superlotação, as condições precárias, a corrupção
de agentes – até pouco falada diante do seu tamanho e a falta de
medidas de ressocialização. Como se fosse alguma novidade.
Já as autoridades dão um
show de horror, a começar por nem se saber quantas pessoas estão
presas onde ocorre um motim ou um genocídio. Depois, não sabem com
exatidão quantos fugiram nem quantos morreram. Qualquer tabela de
word, em qualquer versão, resolveria esse problema.
Quanto às medidas para
contornar a situação, a primeira é colocar um robô falante a dar
explicações e apontar soluções. No caso atual foi o ministro da
Justiça. E fala com a convicção estupenda de que o mundo está
acreditando nelas, mas com a certeza interior de que nenhuma alma
viva confia numa só palavra do que diz. Dinheiro, que sempre falta
na prevenção, até a quem pede socorro, começa a jorrar na
verborragia palaciana. Lembro bem de uma proposta do então ministro
Márcio Thomaz Bastos para a construção de cinco presídios
federais. Nem sei se algum foi construído na sua gestão. E cinco
para o número mágico da falácia.
Aí, transferem os presos de
um lado para o outro. Ninguém contesta ou indaga sobre essa ilusão
de ótica, pois todos os presídios do país estão superlotados.
Além dos famosos mutirões para soltar quem já deveria estar solto.
Ora, deveriam abrir investigação para punir quem manteve na prisão
uma pessoa que deveria estar solta. Vou terminar mencionando as
reuniões realizadas para os fotógrafos e jornalistas. A última
desse tipo foi a da presidente do Supremo Tribunal Federal com o
presidente da República. Que solução vai trazer uma autoridade que
não teve condições de adentrar uma das detenções que tentara
visitar há poucos meses!
Existirem os problemas é
grave; mais grave, porém, é saber que daqui a mais algumas décadas
eles se repetirão da mesma forma e com as mesmas autoridades se
desculpando e batendo cabeça.
Para fechar, coloco uma frase
anônima que diz: “uma caneta na mão de um político mata mais do
que uma arma na mão de um bandido”. Por demonstrarem tanta
fragilidade e enganação, eles conseguem matar a esperança até do
mais otimista dos brasileiros.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP
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