quinta-feira, 11 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS

Zebra nos 100 m, australiano largou futebol para ser sensação da Rio-2016



DOMINIC EBENBICHLER/REUTERS
O australiano Kyle Chalmers celebra vitória nos 100m livresimagem: DOMINIC EBENBICHLER/REUTERS
Kyle Chalmers, 18, ia debutar no ano passado em uma competição internacional pela natação australiana. O velocista seria um dos representantes nacionais no revezamento 4x100 m livre do Mundial de esportes aquáticos disputado em Kazan (Rússia), mas quase não pôde participar do evento. Meses antes, sofreu uma fratura no pulso e uma ruptura de ligamento do tornozelo em uma partida de futebol australiano. Teve de ser convencido a deixar o esporte e se concentrar apenas nas piscinas. Na última quarta-feira (10), colheu o resultado da escolha: venceu os 100 m livre nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
A Austrália não triunfava nos 100 m livre desde 1968. Neste ano, a principal aposta do país para findar o jejum era McEvoy, primeiro colocado na seletiva nacional. Chalmers era menos badalado até em âmbito interno, a despeito de ser o atual recordista mundial júnior da prova.
Quando terminou a prova, Chalmers evitou comemorar de forma efusiva. Preferiu respeitar McEvoy, que havia sido superado. Os dois são companheiros de quarto na Vila Olímpica do Rio de Janeiro. “É difícil. Eu ganhei um ouro olímpico, e ele não conseguiu nadar seu melhor. Espero que isso mude nos próximos dias e que ele possa se recuperar”, disse o campeão.
A reação tem a ver com o sentido coletivo do nadador australiano. Kyle é filho de Brett Chalmers, um jogador de futebol australiano, e durante grande parte da vida dividiu as atividades nas piscinas com a modalidade que era praticada pelo pai.
“Eu gosto muito de jogar futebol. É um pouco frustrante ter de deixar o esporte assim”, contou Chalmers. “Muita gente me pediu para parar de jogar”, completou o nadador, que não pratica futebol australiano desde os primeiros meses de 2016.
O futebol australiano é apenas um dos outros esportes que Chalmers curte. O australiano também acompanha basquete e o futebol tradicional. Praticamente não segue notícias ou competições de natação.

Australiano tem pé grande e lida com arritmia

Chalmers teve infância intrinsecamente ligada ao esporte. Passou por várias modalidades e começou a praticar natação em uma academia. Ganhou destaque rapidamente por causa do desempenho na piscina, mas também por seu biótipo: é alto, magro e tem pés grandes. Aos 15 anos, já calçava 46.
Rapidamente, Chalmers começou a frequentar competições de base. Em 2014, esteve nos Jogos da Juventude disputados em Nanquim (China). Foi o 13º colocado nos 50 m livre, prova vencida pelo brasileiro Matheus Santana, 20.
Dois anos depois, a escalada de Chalmers contrastou com a trajetória de Matheus. O brasileiro é tratado como uma das principais promessas da natação nacional, mas viveu um fim de ciclo extremamente conturbado. Não nada bem desde o ano passado e teve a pior parcial do país na eliminatória do revezamento 4x100 m livre, única prova dele na Rio-2016 – nadou o percurso em 49s00 e sequer foi escalado na etapa seguinte.
Chalmers chegou a tentar uma cirurgia cardíaca em 2015 para corrigir uma arritmia. A operação não foi efetiva, e o australiano ainda tem de conviver com o problema no coração. Faz tratamento regular e pratica ioga como parte da terapia.
Ainda no ano passado, Chalmers conseguiu ir para Kazan. A Austrália não foi sequer à final do revezamento 4x100 m livre, mas ele fez a melhor parcial do time. Em 2016, nadou os 100 m livre em 48s03 na seletiva nacional e bateu o recorde mundial júnior da distância.

Fonte: Uol Esporte

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