Com Tite, CBF contrata atual técnico campeão brasileiro pela primeira vez
Desde 1971, confederação jamais havia contratado o treinador logo depois dele conquistar o título nacional; normalmente, caminho dos antecessores foi inverso
O campeão brasileiro na seleção brasileira. Parece óbvio, mas a contratação de Tite é um marco nessa relação do técnico com a equipe nacional. Pela primeira vez desde 1971, quando o Brasileirão substituiu torneios nacionais, cujos títulos também são considerados, a CBF contrata o atual vencedor. Aquele que está com a faixa no peito.
Apresentado como novo comandante da Seleção na tarde da última segunda-feira, Tite é o campeão brasileiro até novembro ou dezembro, quando alguém deixará para trás seu título pelo Corinthians, no ano passado.
A preferência por Tite vem desde 2014, depois do fiasco na Copa do Mundo, mas naquela época a CBF optou por Dunga, que só trabalhou como técnico no Campeonato Brasileiro de 2013, quando foi demitido em outubro, depois de quatro derrotas seguidas do Internacional.
Tite foi tratado com pompas pela direção da CBF, a ponto de Marco Polo Del Nero, figura ausente de aparições públicas recentes, apresentá-lo num breve discurso. O presidente da entidade, denunciado pelo FBI no escândalo de corrupção que envolve a Fifa, federações nacionais e agências de marketing esportivo, nem se importou com o fato de o técnico ter assinado um manifesto, no fim do ano passado, pedindo sua renúncia do cargo. Entregou a ele uma camisa da Seleção com o nome da mãe de Tite, Ivone Bachi.
O status de “quase unanimidade” do atual campeão brasileiro fez com que dirigentes da CBF, em massa, assistissem ao seu discurso, e vibrassem internamente com a repercussão.
– Foi um turbilhão, sou um ser humano, tenho os mesmos sentimentos que vocês. Não imaginei ser técnico da Seleção, não planejei, faço meu melhor a cada dia. Estabeleço metas a curto e médio prazo, aprendi que futebol é assim. Daqui a um, dois ou três anos vai ser outro profissional. Não sou melhor do que ninguém – afirmou o treinador.
Em 1998, Vanderlei Luxemburgo tinha aprovação máxima da população e da opinião pública. Contratado logo após o vice-campeonato na Copa do Mundo, estreou na Seleção e conciliou o trabalho com o Corinthians até o fim do ano. Foi campeão brasileiro. Mas quando assinou com a CBF, esse posto ainda pertencia a Antônio Lopes, que conduziu o Vasco à taça em 97.
Ou seja, Luxa foi campeão depois de ser contratado pela Confederação. Uma “moda” que se repetiu outras vezes na história. Cláudio Coutinho, por exemplo, treinou o Brasil entre 1977 e 79. Em 80, ganhou o Brasileiro com o Flamengo. Carlos Alberto Parreira esteve à frente da Seleção pela primeira vez em 1983. Caiu, mas foi campeão nacional pelo Fluminense em 84.
Agora, Tite, já com dois títulos brasileiros no currículo – 2011 e 2015, ambos pelo Corinthians –, tenta provar que o contrário também pode dar certo. O momento histórico da Seleção, de derrotas e eliminações vexatórias, provocou a inédita atitude de recorrer ao campeão.Evaristo de Macedo seguiu os colegas: da Seleção em 1985 ao título brasileiro com o Bahia, três anos depois. Emerson Leão foi demitido por Ricardo Teixeira, por telefone, em 2001. No ano seguinte, assumiu o Santos e, com Robinho, Diego e companhia, levantou o troféu do Brasileirão.
– Eu estava saindo do aeroporto e um cara falou: “Tite, agora são duzentos e tantos milhões, hein”. Eu olhei para trás... (risos). Sei da responsabilidade, mas me preparei e continuo me preparando.
Fonte: GE
Nenhum comentário:
Postar um comentário