quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon sofre falência de órgãosSegundo o diretor do hospital onde Ariel está internado, o estado de saúde do político é crítico


Com falência de órgãos, familiares de Ariel Sharon decidiram mantê-lo com vida com a ajuda de aparelhos (Menahem Kahana/AFP - 16/11/2005)
Com falência de órgãos, familiares de Ariel Sharon decidiram mantê-lo com vida com a ajuda de aparelhos
Jerusalém - Vários órgãos vitais de Ariel Sharon deixaram de funcionar normalmente, afirmou nesta quinta-feira (2/1) o diretor do hospital de Tel Hashomer, perto de Tel-Aviv, onde está internado o ex-primeiro-ministro israelense.

"Nos últimos dois dias, acompanhamos uma degradação de vários órgãos vitais de Ariel Sharon, que são fundamentais para sua vida", declarou Zeev Rotstein na porta do hospital. "O estado é definido como crítico, o que significa que sua vida está em perigo", completou Rotstein, que se negou a fazer uma previsão sobre o tempo de vida de Sharon, 85 anos, em estado de coma há quase oito anos.

A morte do ex-premier é uma "questão de dias" se o estado de saúde prosseguir em degradação, afirma o jornal Haaretz. "O sentimento da equipe médica do hospital e da família de Ariel Sharon é que assistimos a uma piora de seu estado de saúde", disse o diretor. 

Na quarta-feira, a imprensa informou que Sharon sofria "graves problemas renais" provocados por uma cirurgia. Sharon sofreu em 4 de janeiro de 2006 um derrame e desde então permanece em estado de coma, sem qualquer registro de melhora. Os filhos decidiram mantê-lo com vida com a ajuda de aparelhos.

Em estado vegetativo após um derrame cerebral em 4 de janeiro de 2006, Sharon nasceu em 27 de fevereiro de 1928 na Palestina sob mandato britânico e foi o braço direito do fundador histórico da direita nacionalista, Menahem Begin, que chegou ao poder em 1977, antes de revolucionar o panorama político israelense. Como nenhum outro dirigente, este homem com fama de "falcão" colocou sob suspeita o sonho do "Grande Israel" ao ordenar a retirada da Faixa de Gaza, em 2005, após 38 anos de ocupação. Até então ninguém havia se atrevido a tocar na política de colonização para desmantelar assentamentos.
O mais surpreendente foi a decisão ter partido daquele que foi o paladino da colonização. Mas Sharon concluiu que Israel tinha que renunciar a manter todos os territórios conquistados na guerra de 1967 se desejava continuar sendo um "Estado judeu e democrático". Algumas decisões provocaram o ódio dos palestinos, a irritação da comunidade internacional e muitas críticas em Israel. Mas com a retirada de Gaza recebeu muitos elogios. Antes, ele havia sido um chefe de guerra implacável.

Quando era ministro da Defesa, Israel executou em 1982 uma interminável e desastrosa invasão do Líbano para tentar expulsar Yasser Arafat, o dirigente histórico palestino. Uma investigação oficial o declarou culpado de não ter previsto nem impedido os massacres cometidos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila em setembro de 1982 por uma milícia cristã aliada de Israel. Sharon teve que renunciar ao cargo. Ariel Sharon, um personagem impetuoso e tenaz, com físico imponente e humor mordaz, pouco cuidadoso com o financiamento das campanhas eleitorais, deu as costas em novembro de 2005 ao Likud para criar o partido de centro Kadima, enquanto planejava outras retiradas da Cisjordânia.

O Buldôzer
Nascido em uma família procedente de Belarus, Ariel Sharon mostrou durante a longa carreira no exército, iniciada aos 17 anos e onde foi ferido em duas ocasiões, um gosto pelos métodos expeditos. À frente da unidade 101 dos comandos e depois das unidades de paraquedistas, liderou operações de punição, a mais violenta terminou em 1953 com a morte de quase 60 civis na localidade palestina de Kibia. Em 1969, Sharon debilitou por muito tempo a resistência palestina em Gaza com operações dos comandos.

Durante a guerra de outubro de 1973, voltou a demonstrar suas capacidades militares ao atravessar o canal de Suez e cercar o exército egípcio com uma manobra ousada.
Em 28 de setembro de 2000, sua visita à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, terceiro local sagrado islã, provocou indignação. No dia seguinte explodiu a segunda Intifada. Mas Sharon considerou a situação apenas uma pequena batalha de uma "guerra de 100 anos" contra o sionismo e Israel. Com a promessa de esmagar a revolta palestina, foi eleito de maneira triunfal primeiro-ministro em 6 de fevereiro de 2001 e reeleito em 28 de janeiro de 2003.

Ele queria a separação dos palestinos, mas segundo as condições de Israel. Esta era a missão histórica que pretendia realizar. Pouco depois de seu derrame, o homem forte de Israel passou a cair no esquecimento, preso a uma cama de hospital e velado pela família. O nome era citado de maneira esporádica pela imprensa.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE 

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