Irritado, Luxemburgo se defende na tevê
Foi visível a irritação de Vanderlei Luxemburgo por ter sido demitido pelo Fluminense. Ele a mostrou no programa “Bem Amigos”, da SporTV, na noite desta segunda-feira, quando, inclusive, confessou-se arrependido por ter topado dirigir o Flu nesses quatro meses, depois que o presidente do clube opôs resistência a seu nome”Por eu ser rubro-negro”- disse Luxemburgo.
Durante o programa o técnico contou até com o apoio do grande Jô Soares, tricolor de coração, que citou o teatro como exemplo: “Se não tiver elenco bom, o diretor não funciona. No futebol é igual: técnico não é mágico. O meu Flu é quem faz sofrer: em um ano é campeão, no outro o time sumiu”.
O diabo é que no caso de Luxemburgo- a quem nos tempos das grandes conquistas apelidei de “O Estrategista”-, não é só a demissão no Flu que tem a explicar. Só neste ano, aconteceu também à sua saída do Grêmio, time de jogadores badalados e que não ganhou coisa alguma. E não foi uma saída amigável, coisa que Luxa atribui também à parte política, “pois não foi o presidente atual o que me contratou”.
Aí, recuando no tempo, houve também a queda no Atlético- “Foi o meu pior trabalho, até hoje ficando pensando por que”- relembra Luxemburgo-, a saída do Flamengo, a temporada sem brilho no Santos. Há uns cinco anos, Luxemburgo não revive mais sua era vitoriosa. Ele, no entanto, preferia transferir a responsabilidade: “Com tanta gente boa demitida, não será o conceito no futebol brasileiro que está errado?”.
Intriga-me também o que aconteceu com Luxemburgo no meio do caminho. Vitorioso em vários clubes, especialmente no Palmeiras e no Cruzeiro (sem esquecer suas façanhas no Corinthians e no Santos), chegou à Seleção Brasileira com a fama de ser um técnico à frente dos tempos, ofensivo. Não aconteceu. Treinou até o Real Madrid, onde não demorou muito, segundo ele “porque discuti com o Florentino Perez (o presidente do clube)”.
Fico a imaginar o que pode ter separado Luxemburgo dos métodos mais avançados do futebol: teria perdido o foco? Teria mudado o comportamento dos jogadores atuais? Interessariam mais a ele os poderes de treinador e manager como Alex Ferguson teve no Manchester United?
Sei lá. Não vivo o seu dia a dia e não converso com Luxa faz um bom tempo, logo não posso ter uma ideia mais concreta sobre o que levou esse ex- Monstro Sagrado à gangorra do futebol brasileiro, expondo-se às demissões como outros quaisquer.
Desejo a ele, sinceramente, que reflita por um tempo. E se puder, com humildade, viaje à Europa para até por curiosidade saber como andam os conceitos de Guardiola, Mourinho, Tata Martino, etc.; e também para constatar se há algo de novo nesse futebol europeu que nos encanta, assim como nós os encantávamos em outros tempos.
Potencial e histórias não faltam a Luxemburgo. Mas talvez seja adequado um período de reciclagem.
(Ah, e no final da noite, Luxemburgo ficou sabendo que Dorival Júnior- recentemente foi demitido pelo Vasco- ocupará o lugar que deixou vago no Fluminense. É a tal gangorra.).
FONTE: UOL ESPORTES
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