sexta-feira, 11 de outubro de 2013

DF

Resultado do descaso com a infraestrutura




 
Dois dias após o caos vivido pelos moradores do Sol Nascente, em Ceilândia Norte, a situação das famílias que moram nas áreas atingidas pelas chuvas ainda é desoladora. A reportagem do Jornal de Brasília esteve no local e verificou que as ações iniciadas para minimizar os estragos estão longe de ter o efeito esperado. Exemplo disso são os serviços de fresagem, que têm função de compactar o solo, iniciados em alguns pontos.  Para a população, a medida parece ter deixado a situação ainda mais preocupante.
 
 Na opinião do promotor de vendas Wendell Ferreira, morador da região há 12 anos, o trabalho de fresagem pode trazer ainda mais transtornos aos moradores. “Está na cara que isso não vai resolver nada. É somente um quebra-galho que só serve para enganar. O asfalto, só prometem, e nada. Com essa terra que ficou na porta da minha casa, quando chover, vai empossar tudo”, reclama.
 
 Sua sogra, a cabeleireira Valdeci Almeida, compartilha a   opinião. “As promessas se arrastam há anos. A impressão que tenho é de que as coisas não vão melhorar. Sinceramente, estou sem esperança. Sempre foi ruim, mas com esse governo simplesmente não tem saída”, constata.
 
Para a auxiliar administrativa Tainá Santos, 30 anos, moradora do local que passou pelo processo,   a medida está longe de trazer melhorias. “A solução é baixar o nível do solo mais ou menos um metro. Quando chover, além da enxurrada, vai ter muita lama. Quero só ver como vai ser”, lamenta. De acordo com ela, além da drenagem pluvial, o tratamento de esgoto   carece de atenção. “É preciso que olhem para essa questão do esgoto e instalem bocas de lobo”, complementa.
 
Um dia de cada vez
 
O auxiliar de serviços gerais Leonardo dos Santos, 30 anos, confessa que não dorme tranquilo   desde os últimos acontecimentos. "É uma luta diária. O governo veio com esse negócio de passar o trator, mas dá para ver que a terra está fofa e, se chover muito, corre o risco de ser pior ainda", comentou. 
 
De acordo com a Administração de Ceilândia, o órgão deu início a algumas obras paliativas para minimizar os riscos oriundos das chuvas, entre elas a recuperação das vias e os trabalhos de fresagem. De acordo com a assessoria de imprensa, a conclusão do recapeamento  está em processo licitatório.
 
 
Culpa do crescimento desordenado
 
 
Para o especialista em Recursos Hídricos Sérgio Koide, existe um descompasso entre crescimento e espaço físico disponível. “O DF não está conseguindo acompanhar esse aumento populacional”, aponta. De acordo com ele, no Sol Nascente as motivações dos últimos acontecimentos são claras: “O local não é apropriado para construir. A grande pergunta é: como    se chega a uma cidade desse tamanho? E o pior é que isso começa a se repetir em todas as cidades”, analisa.
 
 
Em contrapartida, o especialista ressalta que evitar as inundações não é algo tão simples, mas algumas ações podem minimizar o efeito. “O alagamento ocasionado pelo excesso de chuvas ocorre quando os eventos são muito fortes e nenhuma obra de drenagem está preparada para suportar todas as chuvas. Contudo, algumas obras estruturais podem contribuir para a mudança desse quadro”, acredita.
 
Segundo especialistas, um dos   motivos dos alagamentos no Distrito Federal é a falta de investimento no sistema de captação e escoamento das águas da chuva. 
 
 
Versão Oficial
 
Em nota, o GDF informou que a solução definitiva para os alagamentos   virá com a implementação do Programa Águas do DF. No entanto, o governo cita apenas o Plano Piloto como alvo do projeto.   Em 28 de fevereiro, o Tribunal de Justiça   suspendeu a licitação. Cinco ações     impedem o prosseguimento da concorrência.


Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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