quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Contato de Snowden desconhece profundidade de espionagem dos EUA no Brasil


Brasília, 9 out (EFE).- O jornalista Glenn Greenwald, um dos jornalistas de quem o ex-analista da Agência Nacional de Segurança (ANS) Edward Snowden é fonte, compareceu nesta terça-feira no Senado e afirmou que desconhece o real alcance da espionagem dos Estados Unidos no Brasil.
Segundo Greenwald, colunista do jornal britânico "Guardian", se o Congresso ou o governo brasileiro querem conhecer a dimensão da profundidade da espionagem americana no país, "deveriam dar asilo a Snowden", temporariamente abrigado na Rússia e que tem "mais informações" sobre o assunto.
"Estou fazendo jornalismo com muito risco. Recebi ameaças e não estou escondendo informação", declarou Greenwald aos membros da comissão do Senado que investiga as denúncias de espionagem americana.
Segundo os documentos vazados por Snowden, a presidente Dilma Rousseff foi espionada pelos EUA.
A divulgação desses documentos causou um enorme mal-estar no Brasil e levou Dilma a fazer um duro discurso criticando a prática na Assembleia Geral da ONU, e a adiar a visita de estado a Washington prevista para o próximo dia 23.
Greenwald explicou que toda a informação que pôde obter sobre a espionagem no Brasil já foi publicada, mas que ainda estão sendo analisados muitos documentos relacionados a outros países, e citou França e Espanha, mas sem dar detalhes.
Também insistiu na veracidade dos documentos, que, assim como revelam a espionagem sofrido por Dilma, sugerem que a Petrobras e vários ministérios foram objeto de espionagem, e que Canadá e outros aliados americanos teriam se valido das informações obtidas.
O jornalista ressaltou que "não há nenhuma dúvida que o interesse principal dessas atividades não é a segurança nacional", como argumenta o governo dos Estados Unidos.
"O primeiro interesse é político, é aumentar o poder dos Estados Unidos no mundo e saber o que outros governos estão planejando. E o segundo é puramente econômico", declarou.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), um dos membros da comissão, sugeriu a Greenwald que entregasse ao Senado, sob custódia, todos os documentos que possui em relação ao Brasil, para que os parlamentares possam ter acesso direto a seu conteúdo.
"Desse modo, não teríamos que esperar que apareçam novas revelações em um jornal ou em um programa de televisão", justificou o parlamentar.
No entanto, Greenwald se negou e qualificou o pedido de "inviável". Ele explicou que os documentos em suas mãos se referem às atividades das agências dos Estados Unidos no Brasil, mas também em "muitos outros países".
Segundo o jornalista, norte-americano, seria uma "traição à pátria" entregar esses documentos às autoridades brasileiras.
O governo brasileiro, que iniciou uma campanha contra a espionagem na internet, anunciou hoje que convocará uma conferência global sobre o tema, e pretende que aconteça em abril de 2014 no Rio de Janeiro.
O assunto foi tratado durante uma reunião de Dilma com o presidente da Corporação para a Atribuição de Nomes e Números na Internet (ICANN), Fadi Chehadé, que garantiu seu apoio à realização dessa conferência.
Segundo Chehadé, a gestão da internet "exige uma participação ativa dos governos, de todos seus organismos e das Nações Unidas, mas também dos usuários, da sociedade civil e dos técnicos, que afinal de contas são os que a fazem funcionar". EFE

Nenhum comentário:

Postar um comentário