sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Artigo

O desafio do crack


Aimportante e oportuna pesquisa da FioCruz sobre usuários de crack no Brasil mostra a grave realidade da grande expansão do uso desta droga no país. Do universo de usuários (380 mil pesquisados), constatou-se que 40% se concentram na região do Nordeste, ultrapassando a região Sudeste (20%), sobretudo em São Paulo e Rio, onde o problema começou e repercutiu mais na imprensa nacional. ...

Há mais de cinco anos, outras cidades pequenas e médias, além de regiões rurais, passaram a ser invadidas pela droga que, graças ao acesso mais fácil e baixo preço, possibilita atingir maior número de usuários. A região Centro-Oeste com 13% (951 mil) dos usuários reflete, como o Nordeste, a expansão para novas regiões, indicando preocupante aumento da circulação do tráfico. Registrou-se também, nesta pesquisa, a presença da região Norte, já com 9%, mostrando significativa presença onde antes não havia este tipo de droga, praticamente.

Pode-se depreender desse estudo e pelas características sociodemográficas e econômicas desta população, como já foram relatadas em outras pesquisas recentes, que o grande fator de risco é a situação de vulnerabilidade e precariedade das condições de vida como condição básica e dominante. Dai o rápido crescimento em regiões com maior precariedade socioeconômica. Semelhante ao que se verifica nas populações de cidades mais ricas, como Rio e São Paulo, por exemplo, não se quer dizer que pessoas da classe media, também, não sejam envolvidas como usuários de crack, embora em número menor.

No que tange ao dado referente à procura por tratamento e relato de que quase 80% desejam se tratar, isso significa que estas pessoas percebem seu sofrimento e buscam ajuda. Assim, fica evidente que as políticas públicas precisam avançar não só nas ações de intervenção, mas investir em novas estratégias, mais ampliadas e sistêmicas. Nas chamadas "cracolândias", com objetivo de recolher os usuários, valorizando mais a prevenção e a reinserção possível dessas pessoas. Deve-se buscar a abordagem baseada nos aspectos biológico, psicológico e social, sem deixar de considerar o processo de repressão ao tráfico.

Fica claro que a magnitude e a complexidade intrínseca da questão das drogas, em especial do crack nos últimos anos nesse país, representam um enorme desafio para todos nós e de difícil enfrentamento. As técnicas e medidas usadas há algumas décadas não têm mostrado resultados efetivos. Faz-se, portanto, necessário refletir, rever e estudar estes novos conceitos para melhor enfrentar a questão das drogas, incluindo o crack que hoje se configura como uma grave situação social. Não temos outra opção, a não ser enfrentar os problemas, reunindo todos os envolvidos e comprometidos com o bem-estar e a segurança social.
Fonte: BLOG DO SOMBRA.

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