sábado, 28 de setembro de 2013


Nova crise governamental na Itália após renúncia de ministros do partido de Berlusconi


Berlusconi posa para os fotógrafos em 19 de setembro de 2013

Os ministros do Povo da Liberdade (PDL, centro-direita), o partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, renunciaram neste sábado a seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou como um "gesto louco e irresponsável".
Esses ministros consideram inaceitável e inadmissível o ultimato do chefe de governo, Enrico Letta, disse neste sábado um porta-voz do vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, secretário do PDL.
Na sexta-feira, Letta, farto das ameaças dos deputados do partido do 'Cavaliere', que há dias ameaçavam renunciar se o senado retirasse a cadeira de Berlusconi por sua condenação de fraude, anunciou que pedirá o voto de confiança do parlamento.
Neste sábado, ele classificou a renúncia de seus ministros como gesto louco e irresponsável, "totalmente destinado a proteger os interesses pessoais" de Berlusconi, segundo comunicado.
Na sexta-feira, o presidente do Conselho exigiu "obter um esclarecimento político [...] no Parlamento entre as forças da maioria" de centro-esquerda e centro-direita, segundo o comunicado.
"Não estou disposto a levar adiante sem este esclarecimento [...] Ou colocamos o país e o interesse de seus cidadãos à frente ou paramos esta experiência", alertou Letta, que há cinco meses dirige um governo de coalizão direita-esquerda, que recebeu a confiança dos mercados.
Pouco antes, Berlusconi convidou os ministros do PDL a "avaliar a possibilidade de apresentar imediatamente sua renúncia para não serem cúmplices de uma posterior vexação imposta pela esquerda aos italianos".
Na sexta-feira, uma comissão do Senado votará se Berlusconi mantém ou perde sua cadeira.
Segundo o PDL, este voto é fruto do complô de uma esquerda decidida a acabar com a carreira de Berlusconi, que foi condenado no dia 1º de agosto de forma definitiva a uma pena de prisão de quatro anos (reduzida a um) por fraude fiscal.
O magnata das comunicações, de 77 anos, que governou a Itália durante 12 dos últimos 19 anos, escolheu cumprir sua condenação em sua casa de Roma ao invés de realizar trabalhos de interesse geral.
A ameaça dos deputados de Berlusconi de renunciar, o que poderia causar uma crise de governo, gerou duras reações do presidente da República, Giorgio Napolitano, já que o país também poderia ser paralisado, porque ainda não foram aprovados os orçamentos, chave para reativar uma economia em recessão há quase dois anos.
Napolitano, o único que pode dissolver o Parlamento e que aceitou permanecer em seu cargo para garantir o acordo político, pediu aos seguidores de Berlusconi que "respeitem o veredicto" da justiça.
A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda. Parece improvável o retorno dos ministros do PDL.
Os mercados podem reagir negativamente à evolução da terceira economia da zona do euro, que tem dificuldades para sair da crise. A maioria que apoia o futuro governo pode ser reduzida, orientada mais à esquerda, o que pode reduzir sua margem de ação frente a uma grande coalizão.
"A atitude dos políticos" só "prejudica o país no pior momento", disse este sábado o jornal Il Sole 24 Ore.
Alguns líderes de formações como o movimento anti-partidário Cinco Estrelas querem novas eleições, mas esta hipótese é improvável, já que novas eleições podem colocar o país em um beco sem saída se a lei eleitoral não for modificada.
O papel do presidente do país pode ser de novo essencial para sair da crise.
Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou a Itália, na sexta-feira, do "grande risco" que corre se houver crise de governo.

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