segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Copa de 2022: Catar rejeita acusações de trabalho escravo


O presidente do Comitê Nacional dos Direitos Humanos do Catar, Ali Al-Marri, negou nesta segunda-feira as acusações de trabalho escravo de operários nepaleses formuladas contra o país, que vai sediar a Copa do Mundo de futebol em 2022.
"Não existe escravidão ou trabalho forçado no Catar. Todas as informações divulgadas pelo Guardian são falsas e os números citados, exagerados", afirmou o dirigente em entrevista coletiva.
Na semana passada, o jornal britânico tinha relatado que 44 operários nepaleses tinham morrido em 2013 em obras no Catar, onde trabalhavam em condições de semi-escravidão,
Já a Confederação Internacional de Sindicatos (ITUC) tinha afirmado, também ao Guardian, que, se o ritmo atual for mantido, ao menos 4.000 operários imigrantes poderiam morrer antes da realização do torneio.
Al-Marri reconheceu que "havia alguns problemas, por causa da existência de mais de 44.000 empresas no país", mas que as autoridades faziam "esforços constantes para resolvê-los".
Em entrevista à AFP, Ali Ahmad Al-Khalifi, conselheiro em relações internacionais do Ministério do Trabalho do Catar, informou que o governo havia pedido uma investigação depois da publicação da matéria do Guardian e iria "dobrar o número de inspetores do trabalho, que hoje é de 150, para evitar qualquer abuso".
O coordenador da comunidade nepalesa no Oriente Médio, Narinra Bad, que também participou da entrevista coletiva desta segunda-feira, afirmou que 151 cidadãos do país haviam morrido no Catar em 2013, 15 deles no seu local de trabalho.
Os outros teriam, segundo ele, falecido de morte natural ou em acidentes de trânsito.
"Para o ano de 2012, o número de mortes entre os nepaleses que moram no Catar foi de 276, sendo que 55, ou seja 20%, morreram no seu local de trabalho", acrescentou Narinra Bad, que avaliou em 370.000 o número de operários nepaleses que trabalham no pequeno país árabe.
"Não podemos dizer que as condições de trabalho são exemplares e os nepaleses enfrentam muitos desafios nas questões de vistos, moradia e salário", reconheceu o coordenador, que explicou que a situação era semelhante em outros países da região.
Já Macksud Alam, representante da comunidade nepalesa no Catar, salientou que as condições haviam melhorado desde a "introdução de uma nova lei que regulamenta o trabalho em 2004".
Uma delegação internacional de sindicalistas visitará o país no dia 7 de outubro para "avaliar as condições de trabalho dos imigrantes".
Além das denúncias de trabalho escravo, a escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022 desencadeou várias polêmicas.
Houve denúncias de corrupção de membros do Comitê Executivo da Fifa durante a eleição do país-sede, em 2010.
O próprio presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, afirmou recentemente que "não seria responsável" disputar a competição em junho e julho, como está previsto, já que nesse momento do ano as temperaturas podem chegar a 50 graus.
Por isso a entidade cogita adiantar o evento para dezembro ou janeiro, quando as temperaturas são mais amenas, mas esta decisão provocaria grandes mudanças no calendário internacional, principalmente nos campeonatos europeus, onde jogam os principais craques do planeta.

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