Estupros no Brasil geram debate sobre divisão de classe e gênero
Rio de Janeiro – Os ataques impressionaram a cidade. Num deles, o agressor apontou uma arma para a cabeça de uma mulher de 30 anos enquanto a estuprava na frente dos passageiros de um ônibus que circulava por uma avenida importante.
Rio de Janeiro – Os ataques impressionaram a cidade. Num deles, o agressor apontou uma arma para a cabeça de uma mulher de 30 anos enquanto a estuprava na frente dos passageiros de um ônibus que circulava por uma avenida importante. Em outro, uma garota de 14 anos de uma favela foi violentada numa das praias mais famosas da cidade.
Em outro caso, homens sequestraram e estupraram uma trabalhadora dentro de uma van enquanto esta cruzava áreas densamente povoadas. A polícia não investigou e, na semana seguinte, os mesmos homens violentaram uma estudante norte-americana de 21 anos na mesma van, batendo em seu rosto e espancando o acompanhante com uma barra de metal.
"Infelizmente, teve que acontecer com ela antes que me ajudassem", declarou a brasileira violentada na van. "Eu fiquei pensando: 'Será que isso teria sido evitado se tivessem prestado atenção ao meu caso?'."
A onda recente de estupros no Rio – alguns captados por câmeras de vídeo – chama atenção às contradições não resolvidas de uma nação que chega à maioridade como potência mundial. O Brasil tem uma mulher presidente, uma mulher como poderosa comandante da polícia e uma mulher na chefia de sua estatal petroleira – e mesmo assim, somente após uma norte-americana ter sido estuprada as autoridades se envolveram para valer e prenderam suspeitos.
De certa forma, a experiência do Brasil lembra eventos recentes na Índia e no Egito, onde ataques medonhos causaram indignação e um exame de consciência, revelando fissuras profundas em cada sociedade. No Brasil, teve início um debate quanto ao fato de as autoridades estarem mais preocupadas em defender os privilegiados e a imagem internacional do Rio do que em proteger as mulheres em geral.
Na Índia, a morte recente de uma estudante, violentada por um bando enquanto o acompanhante era espancado num ônibus em circunstâncias similares, ressaltou a visão dominante de que as mulheres, independentemente do progresso alcançado, continuam sendo alvos válidos, desprotegidas por um governo ineficaz.
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