Universitário vai viajar 3,5 mil KM de bicicleta até foz do Rio São Francisco
Philipe Geraldi Branquinho deve carregar 30 kg na bicicleta durante a expedição (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Jovem de Poços de Caldas inicia viagem que deve durar seis meses.
Aventura é parte de pesquisa acadêmica do curso de geografia.
Carregando pelo menos 30 quilos, entre a bagagem e a bicicleta, o universitário Philipe Geraldi Branquinho, 24 anos, parte neste sábado (19) para uma expedição de seis meses, que vai percorrer 3,5 mil quilômetros para fazer o percurso do Rio São Francisco.
Apaixonado por geografia e cicloturismo, o jovem poços-caldense uniu um projeto de pesquisa ao hobby e deixa Poços de Caldas (MG) rumo a Franca (SP) para percorrer a bacia hidrográfica do rio.Com a fala calma, embora carregada de expectativa, ele conta que a ideia surgiu em 2011, quando cresceu a vontade de interagir mais com o meio e de se aproximar da cultura popular e dos hábitos da população ribeirinha e barranqueira do Brasil. “O Rio São Francisco é o rio da integração nacional, ele é importantíssimo em vários aspectos e fazer essa viagem é um sonho, além de um projeto pessoal e profissional”, diz.
Apaixonado por geografia e cicloturismo, o jovem poços-caldense uniu um projeto de pesquisa ao hobby e deixa Poços de Caldas (MG) rumo a Franca (SP) para percorrer a bacia hidrográfica do rio.Com a fala calma, embora carregada de expectativa, ele conta que a ideia surgiu em 2011, quando cresceu a vontade de interagir mais com o meio e de se aproximar da cultura popular e dos hábitos da população ribeirinha e barranqueira do Brasil. “O Rio São Francisco é o rio da integração nacional, ele é importantíssimo em vários aspectos e fazer essa viagem é um sonho, além de um projeto pessoal e profissional”, diz.
Viagem que já teve início
A expedição, batizada como ‘Nos Meandros do Velho Chico’, teve início no dia 2 de janeiro. Philipe saiu de Campinas (SP), onde estuda, e percorreu nove cidades entre o interior de São Paulo e o Sul de Minas para chegar a Poços de Caldas, onde nasceu e costuma passar as férias com o pai, no entanto, a passagem pela cidade se estendeu além do previsto, por conta de um dente siso. “Eu cheguei aqui e tive que extrair um dente, então fiquei uma semana de molho. Por sorte, foi uma semana que só choveu”, brinca.O jovem já é acostumado aos imprevistos e garante estar preparado para outros durante os mais de 180 dias que vai passar longe de casa. “Quando eu tive a ideia de percorrer este caminho, a primeira providência foi comprar uma bicicleta. Parcelei em 12 vezes, mas, poucos dias depois, roubaram ela”, lembra.
E foi só por conta da solidariedade dos amigos e familiares, que ele conseguiu seguir planejando a viagem por mais um ano. “Eles fizeram uma ‘vaquinha’ e compraram uma bicicleta igual para mim. Me entregaram na festa de fim de ano de 2011. Isso serviu como um incentivo a mais para eu fazer a viagem. Já não é mais só por mim, mas para quem acreditou no meu sonho”, completa.
Sobre sonhos, o jovem entende bem. Tanto que no último ano, juntou todo o salário que recebeu como professor de geografia de uma escola pública para investir no percurso, além de ter conseguido o apoio de uma bicicletaria de Poços de Caldas, que lhe deu parte do aparato usado no equipamento. A expectativa é gastar entre R$ 15 e R$ 20 por dia, já que ele garante estar preparado: “Na minha bagagem tem praticamente tudo que preciso. Itens de primeiros socorros, roupas, comida, panela, um fogareiro, equipamentos para reparo na bicicleta, barraca de camping, saco de dormir, isolante térmico, entre outros produtos que vão me permitir economizar bastante e chegar ao final do que planejei”.
O que levar? Como armazenar?
Philipe, que já praticou cicloturismo em outras ocasiões, espera contar com o apoio e a solidariedade dos moradores das cidades em que vai passar. “Eu e um amigo já fizemos um trajeto de bicicleta e em determinada cidade, os moradores disputaram, entre si, quem nos daria abrigo. Espero que nesta viagem isso se repita”.
Desafios
E isso não preocupa o jovem. Para ele, o maior desafio será pedalar sozinho por um bom tempo. Embora em algumas cidades ele deva encontrar amigos, estes só poderão acompanhá-lo até o final do mês de fevereiro. Dali em diante, ele seguirá por conta própria.
“Estar sozinho, no desconhecido, é estar vulnerável, mas, por outro lado, tento pensar nisso como uma forma de autoconhecimento, até porque toda minha rotina estará alterada. Eu tento não pensar no medo ou em coisas ruins. Eu quero imaginar que encontrarei pessoas boas durante todo o caminho. Vou mentalizar positividade para que ela se materialize e usar da minha ‘mineirice’ para escapar de situações maliciosas. Meu maior desafio será desconstruir qualquer tipo de medo”.Por outro lado, um desafio para o universitário será, por onde passar, encontrar lan house ou acesso à internet. Isso porque, para registrar o que vai viver, ele criou um blog euma página em uma rede social para relatar os fatos mais importantes e postar fotografias. “Não sei com que frequência conseguirei atualizar, mas a ideia é manter todo mundo conectado através desta iniciativa”, espera.
E isso não preocupa o jovem. Para ele, o maior desafio será pedalar sozinho por um bom tempo. Embora em algumas cidades ele deva encontrar amigos, estes só poderão acompanhá-lo até o final do mês de fevereiro. Dali em diante, ele seguirá por conta própria.
“Estar sozinho, no desconhecido, é estar vulnerável, mas, por outro lado, tento pensar nisso como uma forma de autoconhecimento, até porque toda minha rotina estará alterada. Eu tento não pensar no medo ou em coisas ruins. Eu quero imaginar que encontrarei pessoas boas durante todo o caminho. Vou mentalizar positividade para que ela se materialize e usar da minha ‘mineirice’ para escapar de situações maliciosas. Meu maior desafio será desconstruir qualquer tipo de medo”.Por outro lado, um desafio para o universitário será, por onde passar, encontrar lan house ou acesso à internet. Isso porque, para registrar o que vai viver, ele criou um blog euma página em uma rede social para relatar os fatos mais importantes e postar fotografias. “Não sei com que frequência conseguirei atualizar, mas a ideia é manter todo mundo conectado através desta iniciativa”, espera.
Pesquisa e transformação
O resultado da pesquisa de campo será usado para o Trabalho de Conclusão de Curso do jovem, que durante estes seis meses em que trancou o semestre na universidade, onde está no quarto ano e pretende coletar dados para transformá-los em pesquisa. As fotos também devem ser utilizadas na criação de oficinas ou de algum material didático para estudantes de escolas públicas.
Quero usar esta aventura como uma forma de crescimento pessoal. Acredito que será transformador"
Philipe Branquinho
Universitário
Universitário
Geograficamente, o universitário quer destacar a importância do Rio São Francisco. “O Rio São Francisco é fundamental no contexto histórico do país, pois sempre foi usado para escoar a produção de mercadoria. Tanto que quero fazer uma parte do caminho de barco, para entender como isso acontecia. Ele também sempre foi utilizado por tropeiros e atualmente, é margeado pela produção agrícola e muito afetado, desde a nascente, por agrotóxicos. Falar do rio é levantar questões polêmicas como a geração de energia elétrica, irrigação no semiárido, entre outras questões. Eu me pergunto: como é a vida das pessoas que estão às margens dele ao longo de mais de dois mil quilômetros? Como estas pessoas vivem? Qual é o contexto histórico e cultural que se aplica a cada uma delas? São estas perguntas que eu quero trazer, com respostas, ao final da viagem”, frisa.
Entretanto, não é só a parte da geografia que atrai o jovem. A aventura, a possibilidade de mudar e de se reconstruir como pessoa, é também o que faz a expectativa aumentar. “Mais do que qualquer conhecimento acadêmico, eu quero usar esta aventura como uma forma de crescimento pessoal, crescimento como ser humano. Acredito que será transformador”, finaliza.
Entretanto, não é só a parte da geografia que atrai o jovem. A aventura, a possibilidade de mudar e de se reconstruir como pessoa, é também o que faz a expectativa aumentar. “Mais do que qualquer conhecimento acadêmico, eu quero usar esta aventura como uma forma de crescimento pessoal, crescimento como ser humano. Acredito que será transformador”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário