Novo tipo da fruta desenvolvido no Espírito Santo também é mais resistente. O lucro chega a ser 274% maior ao obtido com o cultivo de outros tipos.
Por Patrik Camporez, A Gazeta
Abacaxi Vitória: frutos maduros de maior qualidade — Foto: Leo Junior/ Incaper
O setor agrícola do Espírito Santo ganhou mais um aliado na diversificação da renda nas propriedades. Trata-se do abacaxi Vitória, uma espécie que tem apresentado alta produtividade quando comparada às demais variedades cultivadas no estado.
O lucro com o Vitória chega a ser 274% superior ao obtido com o cultivo do tipo Pérola, por exemplo, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper). Cultivada em fileira dupla, a planta também alcançou lucro 251% superior ao do cultivo do Smooth Cayenne.
Segundo o responsável pelas pesquisas no Incaper, José Aires Ventura, a fruta se mostrou resistente a pragas como a fusariose (principal doença do abacaxi), além de ter apresentado “ótima” aceitação comercial para o consumo in natura e para a agroindústria. O abacaxi Vitória tem formato cilíndrico, casca amarela (na maturação) e pesa em torno de 1,5 kg.
O setor
No Espírito Santo, o abacaxi geralmente é cultivado em pequenas propriedades rurais, com áreas que têm entre 1 e 5 hectares, empregando principalmente a mão de obra familiar.
Dados do IBGE mostram que há, no Espírito Santo, cerca de 3 mil hectares da fruta. O Incaper, entretanto, aponta um grande gargalo no setor.
“Falta muda da espécie Vitória. Quem tem não quer vender e quem vende cobra muito caro. Uma muda de custa de R$ 0,80 a R$ 1,20, sendo que precisa de 22 mil plantas para preencher um hectare”, destaca Aires.
Por outro lado, quem consegue produzir a fruta tem obtido ótimos lucros e venda rápida, ressalta o pesquisador. “A venda dele é direta. Esgota muito rápido. Por isso, há a necessidade de haver alguma política pública de fomento de muda”.
De acordo com Aires, as pesquisas do Incaper já viabilizaram a expansão do abacaxi Vitória para 32 municípios do estado. Eles foram contemplados com o fomento de 1,7 milhão de mudas. “No entanto, um fator limitante continua sendo a falta de disponibilidade de mudas para os produtores rurais que desejam ampliar as suas lavouras”, reforça Aires.
O Incaper também conseguiu melhorar o controle de doenças na cultura, além da qualidade dos frutos.
Resíduos usados na indústria farmacêutica
Além do aumento na produção, as pesquisas do Incaper também têm apontado para a viabilidade do aproveitamento dos resíduos do abacaxi Vitória na produção de bromelina, produto usado na indústria farmacêutica e de alimentos.
“A continuação dos estudos também gerou novos conhecimentos científicos relacionados à fusariose, com mais de 15 publicações científicas e gerando outras duas patentes. Além da série de tecnologias de interesse direto para o produtor rural e para a economia do estado ligada ao agronegócio de abacaxi, a pesquisa trouxe múltiplos conhecimentos para a ciência”, lembra o responsável pelos estudos do Incaper, José Aires.
A planta têm como vantagem a ausência de espinhos nas folhas, o que facilita o trabalho nas plantações. A Vitória possui praticamente o mesmo porte da Pérola e outras plantas vigorosas.
“Apresenta bom perfilhamento, bom desenvolvimento e crescimento, produz frutos quando maduros de excelente qualidade para o mercado. Os frutos têm polpa branca, elevado teor de açúcares e ótimo sabor nas análises químicas e sensoriais”.
Por ser resistente a fusariose, essa fruta dispensa a utilização de fungicidas para o controle da doença, possibilitando a redução nos custos de produção por hectare, além de reduzir também os riscos de impacto ambiental e aumentar a produtividade.
G1