quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Fotógrafos buscam novos focos em meio à pandemia

 


No Dia Mundial da Fotografia, cinco fotógrafos repensam suas rotinas


Rua remota durante a pandemia. 
No primeiro plano da foto, cadeira de balanço e faixas de pedestre. Ao fundo, ciclista solitário em uma rua vazia.

Jefferson Barcelos / Direitos Reservados 

Publicado em 19/08/2020 - 11:47 Por Leyberson Pedrosa - Repórter da Agência Brasil - Brasília


Em 19 de agosto de 1839, ocorria a apresentação do daguerreótipo, apelido da imagem gerada pelo protótipo de câmera criado por Louis Jacques Mandé Daguérre. A data foi internacionalizada como o Dia Mundial da Fotografia. O processo criado por Daguérre não foi o único daquele período, mas foi cedido ao governo francês e, por isso, tornou-se popular no Ocidente. Cada registro consistia em uma imagem fixada sobre uma placa de cobre ou material similar sobre uma camada de prata, formando uma superfície espelhada. Meses depois, em janeiro de 1840, chegava o primeiro daguerreótipo no Brasil, que é comemorado em janeiro no Dia Nacional do Fotógrafo

Fotografia ou daguerreotipo de uma natureza-morta feita pelo francês Jacques Mandé Daguérre em 1837 em seu atelier


Fotografia (daguerreotipo) feita pelo francês Jacques Mandé Daguérre em 1837 em seu atelier" - Société française de photographie / Domínio Público



A palavra fotografia significa "desenhar a luz" em grego e ganhou diferentes interpretações ao passar dos anos. Seja a partir de câmera analógica, de uma lente teleobjetiva ou dos sensores de um celular, a fotografia tem um protagonista tão importante quanto o seu dispositivo: o fotógrafo.

Para o dia 19 de agosto deste ano, conversamos com cinco fotógrafos brasileiros que vivenciam a foto mundialmente a partir da fotografia de expressão, afetiva, fotojornalística e de rua. Em comum, todos os entrevistados preferem se definir apenas como fotógrafos (confira o depoimento no vídeo) e vivenciam um fato inédito em suas vidas profissionais e artísticas: a pandemia causada pelo coronavírus Covid-19.

Fotografia remota

“Acho temerário rotular a fotografia. Mas podemos dizer que sou uma fotógrafa de pessoas e de emoções”.

 Assim se define Tainá Frota, apoiando sua defesa nas palavras do fotógrafo Ansel Adams, que defendia a fotografia como arte pura. Para Ansel e também Tainá, o ato de fotografar é um resgate de vivências, tanto dos livros lidos e filmes vistos quanto daqueles que amamos. 

Angustiada desde muito nova pelo agir das pessoas ao seu redor, Tainá primeiro produziu exposições de artistas consagrados como Sebastião Salgado, Vik Muniz, Adriana Varejão até se dedicar ao seu trabalho de fotógrafa, encontrando no afeto e na intimidade das famílias seu combustível afetivo e fonte de renda. 

Ensaio fotográfico feito em Alhambra, Espanha, com o casal Carlos Enrique e Júlia.Ensaio fotográficod de um casal em um castelo mouro em Alhambra, na Espanha
Ensaio fotográfico feito em Alhambra, Espanha, com o casal Carlos Enrique e Júlia. - Tainá Frota / Direitos Reservados.

Em tempos de isolamento social, o pânico foi sua primeira reação diante de tantas incertezas. “Até que um dia, com o intuito de enviar meu afeto e carinho a clientes e amigos que já estavam em quarentena na Europa, passei a fazer fotos via videochamada”, conta.  

Pouco a pouco, a quarentena se tornou centenas de dias e Tainá já tinha feito mais de 70 ensaios de forma virtual. “A tecnologia se tornou uma grande aliada para que as pessoas mantivessem o contato com sua rede de apoio emocional, mas evidenciou e muito o quão insubstituível é o valor do convívio social presencial”, explica Tainá após optar responder a reportagem por um aplicativo de mensagem. 

Busca pelo analógico

Quem se sente angustiado com esse “novo normal” é o fotógrafo e professor universitário Denis Renó. Por ser morador de um apartamento no décimo andar, não tem encontrado tantos elementos inspiradores para seu estilo de fotografia. “No começo da pandemia, eu fotografava o pôr do sol. Agora, eu já penso: pôr de sol de novo?”, brinca antes de confessar que havia acabado de ter clicado um novo crepúsculo.

Em tempos de pandemia, ele reconhece que o período traz inovações, mas carrega a sensação de frustração ao cumprir à risca o isolamento social. Dênis espera ansioso o momento em que poderá se desconectar e utilizar, novamente, a fotografia como forma de aproveitamento do tempo fora de sua casa, principalmente quando viajava. 

Registro feito durante viagem a cidade de Amsterdã, localizada nos Países Baixos.
fotografia de pessoas em movimento em uma bicicleta em Amsterdã, na Holanda do Norte.
Registro feito durante viagem a cidade de Amsterdã, localizada nos Países Baixos. - Denis Renó / Direitos Reservados

Enquanto aguarda, busca reviver seus álbuns e livros de fotografia e acompanhar trabalhos inspiradores. “Eu vi o trabalho de um enfermeiro e fotógrafo na Itália mostrando a rotina das pessoas que trabalhavam com saúde no topo da pandemia. Isso foi muito impactante e humanizador”

Defensor da presença como um fator essencial à fotografia, Denis lembra que suas primeiras fotos aconteceram aos quatro anos em uma câmera japonesa da marca Pentax. Herança de família, ele ainda possui o dispositivo e conta que costumava usá-lo antes da pandemia para reviver os seus tempos de fotografia analógica. 

“Usava a Pentax [antes da pandemia] para matar saudade daquela relação da fotografia com a espera, a dúvida de que se a foto saiu boa ou não. Era muito legal.”

Fotografia doméstica

Da esquerda para direita, dois momentos em um mesmo apartamento.
Da esquerda para direita, dois momentos em um mesmo apartamento. - Zuleika de Souza/ Direitos Reservados

Em 1839, dificilmente se imaginaria que as pessoas estariam mais restritas aos cliques em suas residências por causa de uma pandemia biológica. Mas esse é o refúgio preferido e obrigatório da fotógrafa Zuleika de Souza. Ela viu em seu lar uma fonte de inspiração para suas composições. Ao morar com sua mãe idosa, que exige cuidados em tempo integral, a casa passou a fazer parte de seu lugar de fala como fotógrafa. 

Comentário nas redes sociais sobre fotos feitos pela Zuleika durante a pandemia.
Comentário no Instagram diz que o olhar de Zuleika retratada nas fotos inspira outros olhares
Comentário nas redes sociais sobre fotos feitas por Zuleika de de Souza durante a pandemia. - Reprodução Instagram/Zuleika de Souza

Para Zuleika, a pandemia a obrigou a reorganizar seus espaços diariamente. Cada feixe de luz ou posição de um objeto pode representar um novo registro visual. Realizadora de exposições em galerias e eventos fotográficos, ela diz sentir-se reconfortada ao saber que suas fotos domésticas também ajudam a dar sentido às pessoas que estão enfrentando o isolamento social. 

“Eu fiquei feliz ao ver comentários de que minhas fotos estavam fazendo a vida da pessoa em casa ser mais confortável”, relata Zuleika. 

Atualmente, ela faz parte da organização de um festival internacional de fotojornalismo, o Fotobsb, que recebeu recursos públicos no Distrito Federal. Planejado em 2017 como um evento presencial, a fotógrafa comenta como a pandemia teve um efeito colateral positivo na dimensão do evento. 

“A gente ia gastar mais o dinheiro com passagens, diárias. Agora, a gente conseguiu entrevistar o fotógrafo Tyler Hicks, do New York Times, ganhador do Pulitzer, e pode disponbilizar on-line”. O Dia Mundial da Fotografia coincide com o último dia do festival mas que, de acordo com Zuleika, ainda estará disponível para acesso remoto após o encerramento formal. 

Para atrair interessados no evento, os idealizadores do festival elaboraram um concurso de fotografia e se surpreenderam com os números de fotos: cerca de 6 mil cliques. Em comum, boa parte retrata o olhar apreensivo de uma pandemia. “Tem foto feita de dentro do hospital de pai e filha que estavam com medo de terem Covid”. Essa foto a que ela se refere mostra um soro fisiológico pendurado e, ao fundo, um janela com luz difusa do Sol. “Acho que ela mostra esperança”, completa.

Falando em fotojornalismo

Volta às aulas durante a pandemia em uma escola particular do Distrito Federal. - Andressa Anholeti/ Getty Images /Direitos reservados

O trabalho de um fotojornalista envolve estar presente nos principais eventos do cotidiano para garantir informações visuais ao público. Normalmente se exige bastante esforço para garantir cliques em tempo real frente a equipamentos que chegam a pesar mais de 15 quilos. Essa é a rotina da fotojornalista Andressa Anholeti. Presente nos principais acontecimentos políticos do Distrito Federal, Andressa conta como é a rotina de sua profissão ainda mais em momentos de crise como o que vivemos. Agora, Andressa conta com um peso adicional em sua mochila. Ao lado das câmeras, das lentes e do computador, ela carrega diferentes máscaras de proteção e álcool gel. 

“O fotojornalista trabalha ainda mais nesses momentos de crise. Eu estou cobrindo um fato e nessa hora você faz as melhores fotos e só depois lembra dos riscos”. 

Pode parecer ironia do destino, mas Andressa revela que antes se incomodava ao usar a máscara de gás, equipamento de proteção individual adotado principalmente na cobertura das manifestações de 2013. Mas confessa que atualmente se sente bem menos incomodada com ela em relação às demasi. “A gente usa mais a N95 e similares. Mas tem umas máscaras de pano que ajudam a embaçar o visor da câmera e a gente fica torcendo para que a câmera tenha focado direito”. 

Selfies (autorretratos) da fotojornalista Andressa Anholete durante a pandemia, 
Fotojornalista Andressa Anholete em dois momentos do seu trabalho, usando máscara e roupas de proteção contra o Covid-19
Selfies (autorretratos) da fotojornalista Andressa Anholeti em dois momentos do seu trabalho durante a pandemia - Andressa Anholeti / Direitos Reservados

Por estar sempre nos meios das principais aglomerações políticas de Brasília, Andressa redobrou o cuidado com ela e com a higienização dos equipamentos. Há ocasiões em que uma capa de plástico e máscaras deixam somente seus olhos expostos à luz do dia. 

Apesar de atuar mais frequentemente como fotojornalista, ela também se enxerga como fotógrafa sem adjetivos complementares. No seu portfólio, ela expõe trabalhos artísticos sobre amor, família e ensaios sensuais como o projeto Imo onde busca retratar a essência de mulheres ao se despirem diante de suas lentes. Por causa da pandemia, teve que pausar temporariamente esses trabalhos para não colocar nenhum dos seus clientes em risco. “Eu nunca imaginei que recusaria alguns trabalhos. Mas são atos que geram intimidade e sempre há uma relação de confiança, uma troca. Logo, trata-se de uma questão ética independente da fotografia.” 

Fotografia de rua

Rua remota durante a pandemia. 
No primeiro plano da foto, cadeira de balanço e faixas de pedestre. Ao fundo, ciclista solitário em uma rua vazia.
Jefferson considera que a Rua vazia traz a ideia da fotografia de rua remota - Jefferson Barcelos / Direitos reservados

Cada vez mais comuns nos filmes e distante do mundo real, quem nunca imaginou a figura de um fotógrafo como aquela pessoa dentro de uma sala vermelha revelando negativos? Jefferson Barcelos conta que seu encanto surgiu exatamente de um laboratório fotográfico em preto e branco na universidade. Nascido no interior de São Paulo, em Ribeirão Preto, teve experiências profissionais na capital paulista, mas construiu sua carreira na cidade natal. Diz já ter fotografado para jornalismo, publicidade, moda, arquitetura etc. “Um pouco de tudo. Acho que eu sou fotografo!”

Prestes a defender seu doutorado em fotografia de rua, Jefferson analisa a mudança no gestual das pessoas devido ao uso obrigatório das máscaras. 

“Os sorrisos ou as caras amarradas compunham o gestual das pessoas, confesso que tenho ficado fascinado com o enigma que essas pessoas representam hoje. É assustador e fascinante na mesma proporção”. 

Para os próximos trabalhos, espera experimentar a rua remota em parceria com aqueles que estão mais desassistidos e não podem se isolar com a mesma facilidade. “Quem sabe acionar um motoboy que tope capturar as imagens por videochamada em suas andanças pela cidade. É também um desejo de quebra de autoria, algo ainda muito sólido na fotografia tradicional”. 

Jefferson defende que a pandemia abre espaço para a pós fotografia evidenciada pela man ifestação de uma outra linguagem nas mídias digitais. “Agora, o pós fotografo munido de um smartphone carrega, em apenas um click, todo o processamento que a fotografia demandou durante esses quase dois séculos de sua existência em um leve pressionar na tela.”

Olhares pré e pós-pandemia

Os entrevistados foram convidados a revisitarem alguns registros fotográficos anteriores à pandemia e pensar sobre as consequências causadas pela pandemia frente ao olhar do fotógrafo. O Carnaval surge como uma das lembranças mais comuns que se destaca pelo uso de máscaras como parte da fantasia e não da indumentária diária. Neste vídeo, Andressa Anholeti e Zuleika de Souza comentam como estão encarando esses momentos de adaptação:

Agência Brasil 

PF cumpre mandados contra suspeitos de corrupção na Transpetro

Operação Navegar é Preciso, mais uma fase da Lava Jato, deflagrada esta manhã

 


Operação é feita em SP, Maceió e no Rio de Janeiro

Publicado em 19/08/2020 - 07:56 Por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Policiais federais cumprem hoje (19) dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão na operação Navegar é Preciso, a 72ª fase da operação Lava Jato. Os alvos são suspeitos de envolvimento com um esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a altos executivos da Transpetro, subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte de combustíveis por meio de navios e dutos.

Os mandados, expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, estão sendo cumpridos em Maceió, São Paulo e no Rio de Janeiro.

De acordo com a Polícia Federal (PF), os crimes teriam sido praticados em licitação e celebração de contrato de compra e venda de navios celebrados pela Transpetro, com um estaleiro não identificado, no âmbito do Promef, o programa federal para a reestruturação da indústria naval brasileira.

A investigação encontrou indícios de que o estaleiro pagou propina a um executivo da Transpetro à época (também não identificado pela PF), em troca de favorecimento de sua empresa na licitação para a construção e fornecimento de navios, em um valor global de mais de R$ 857 milhões.

A escolha do estaleiro foi feita, segundo a PF, sem levar em consideração estudos de consultorias que apontavam que a fabricante de navios não teria as condições técnicas e financeiras adequadas para a construção das embarcações.

O estaleiro ainda teria sido beneficiado com sucessivas prorrogações nos prazos para a entrega dos navios e aditivos contratuais. O pagamento da propina ao então executivo da Transpetro foi feito, de acordo com a PF, por meio de um contrato falso de investimento em empresa estrangeira, que previa o pagamento de uma multa de R$ 28 milhões, em caso de cancelamento do aporte.

O contrato de falso investimento teria sido firmado entre empresa dos executivos do estaleiro e uma ligada ao executivo da Transpetro. Os pagamentos foram feitos por meio de várias transferências a contas bancárias no exterior, em uma tentativa de lavar dinheiro e ocultar patrimônio. O prejuízo para a Transpetro chegaria, em valores corrigidos, a R$ 611,2 milhões.

Em nota, a Transpetro informou que “desde o princípio das investigações, colabora com o Ministério Público Federal e encaminha todas as informações pertinentes aos órgãos competentes. A companhia reitera que é vítima nesses processos e presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato”.

Edição: Graça Adjuto

Agência Brasil 

Lei que flexibiliza ano letivo é publicada com vetos

 

professor, sala de aula, ensino médio

Arquivo Agência Brasil 

Os vetos serão analisados pelos parlamentares

A Lei nº 14.040/2020 foi publicada hoje (19) no Diário Oficial da União (DOU) com seis vetos. A medida desobriga as escolas de educação básica e as universidades de cumprirem a quantidade mínima de dias letivos neste ano, em razão da pandemia da covid-19.

O texto, originado da Medida Provisória nº 934/2020, havia sido aprovado no Congresso no dia 23 de julho e foi sancionado na noite de ontem (18) pelo presidente Jair Bolsonaro. Os vetos serão analisados pelos parlamentares, que poderão mantê-los ou derrubá-los.

Quatro dos dispositivos vetados por Bolsonaro - parágrafos 7º e 8º do Artigo 2º e parágrafos 1º e 2º do Artigo 6º - dizem respeito à obrigatoriedade da União em prestar assistência técnica e financeira aos estados, municípios e Distrito Federal para a oferta aulas e atividades pedagógicas a distância e para implementar as medidas sanitárias necessárias ao retorno às atividades presenciais.

Em mensagem ao Congresso, também publicada nesta quarta-feira no DOU, a Presidência informou que a medida é inconstitucional pois as despesas excederiam os créditos orçamentários ou adicionais. Segundo o texto, mesmo a Emenda Constitucional nº 106, que flexibiliza regras fiscais, administrativas e financeiras durante a pandemia, “não estabeleceu dotação orçamentária específica para o combate à covid-19”.

A nova lei dispensa os estabelecimentos de educação infantil de cumprir tanto os 200 dias obrigatórios do ano letivo quanto a carga mínima de 800 horas exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Já as escolas de ensino fundamental e médio terão de cumprir a carga horária exigida em lei, mas ficam dispensadas de cumprir o mínimo de 200 dias letivos.

Para assegurar que o conteúdo curricular dos estudantes seja aplicado com a diminuição dos dias letivos, o Conselho Nacional de Educação editará diretrizes nacionais para implantar a regra, segundo a Base Nacional Comum Curricular e sem prejuízo da qualidade do ensino e da aprendizagem. A critério dos sistemas de ensino, o cumprimento da carga horária deste ano poderá ser feito no ano que vem ou poderão ser desenvolvidas atividades pedagógicas não presenciais.

No próximo ano letivo, os sistemas de ensino também estão autorizados a matricular novamente os alunos que concluíram o ensino médio para cursarem o último ano escolar, de forma suplementar. A medida tem caráter excepcional e fica condicionada à disponibilidade de vagas na rede pública.

De acordo com a lei, a União, os estados, municípios e o Distrito Federal implementarão estratégias de retorno às atividades escolares regulares nas áreas de educação, de saúde e de assistência social. Nesse sentido, os estudantes que fizerem parte de grupos de riscos para covid-19 terão atendimento espacial, sendo garantido aos estudantes das redes públicas programas de apoio, de alimentação e de assistência à saúde, entre outros.
Mesmo com o ano letivo sendo afetado pela pandemia, serão mantidos os programas públicos suplementares de atendimento aos estudantes da educação básica e os programas públicos de assistência estudantil da educação superior.

Enem

O presidente Bolsonaro também vetou o dispositivo que prevê que o Ministério da Educação (MEC) deverá ouvir as secretarias estaduais de Educação para definir a nova data do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Além disso, o Artigo 5º, vetado integralmente, prevê que os processos seletivos das instituições de ensino superior que tenham aderido ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (Prouni) serão compatibilizados com a divulgação dos resultados do Enem.

Para a Presidência, a medida viola o pacto federativo, uma vez que é prerrogativa do governo federal a definição da data do exame. “No entanto, essa prerrogativa não afasta a manutenção de diálogo entre os entes federados. Ademais, ao condicionar os processos seletivos de acesso aos cursos das instituições de educação superior aderentes ao Sisu e ao Prouni com a divulgação do resultado do Enem poderá prejudicar os alunos que não o fizeram e muitos que não o farão em função da pandemia, bem como poderá inviabilizar que outros tantos alunos de baixa renda possam ingressar no Prouni”, diz a mensagem.

O Sisu é o sistema do MEC que seleciona, baseado na nota do Enem, os estudantes que ingressarão nas universidades públicas aderidas. Já o Prouni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior, de acordo com a renda do estudante.

Educação superior

As instituições de ensino superior também não serão obrigadas a cumprir os 200 dias letivos, mas a carga horária prevista da grade curricular de cada curso deve ser cumprida. Pelo texto, não deverá haver prejuízo aos conteúdos essenciais para o exercício da profissão e as atividades pedagógicas não presenciais também serão admitidas para completar a carga horária.

A nova lei também autoriza a antecipação da conclusão de cursos específicos da área de saúde, desde que cumpridos alguns requisitos. No caso de medicina, o aluno precisa ter cumprido 75% da carga horária do internato. Nos cursos de enfermagem, farmácia, fisioterapia e odontologia, o mínimo corresponde a 75% da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios.

A mesma regra será aplicada aos cursos de educação profissional técnica de nível médio caso tenham relação ao combate à pandemia. O estudante precisará ter cumprido pelo menos 75% da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios.

Merenda escolar

O último dispositivo vetado pelo presidente Bolsonaro, o Artigo 8º, diz respeito à distribuição, aos pais ou responsáveis de alunos da rede pública, dos alimentos adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar ou dos valores correspondentes. Ao justificar o veto, a Presidência informou que o tema já foi tratado na Lei nº 13.987/2020, que disciplina essa distribuição durante a pandemia.

“Além disso, a operacionalização dos recursos repassados é complexa, não se podendo assegurar que estes serão aplicados de fato na compra dos alimentos necessários aos estudantes, o que não favorece, ainda, a aquisição de gêneros da agricultura familiar”, diz a mensagem ao Congresso.

O artigo vetado também aumenta de 30% para 40% o valor mínimo dos recursos do (Pnae) a serem utilizados na compra de alimentos diretamente da agricultura familiar, para escolas das redes públicas municipais de cidade de até 50 mil habitantes. Para a Presidência, a medida “acarretará ônus aos municípios que já apresentam dificuldades no cenário atual para cumprimento da atual meta estabelecida”. “Ressalta-se, porém, que não haverá prejuízo aos recursos financeiros consignados no orçamento da União para execução do Pnae, repassados aos entes subnacionais”, diz.

Edição: Valéria Aguiar

AGÊNCIA BRASIL 

Monumento Natural Dom Bosco passa por ampla reforma

 


Governo investe na revitalização dos parques. Dez já foram reformados desde o ano passado

Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília
Estão previstos no local serviços como pintura de meios-fios, roçagem, troca de fechaduras e lavagem do auditório e da capela, que receberá novos vidros | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Começaram, nesta terça-feira (18), os trabalhos de revitalização do Monumento Natural Dom Bosco, onde está localizada a Ermida Dom Bosco. O local todo, incluindo a capela e o auditório, passará por limpeza, serão construídas rampas de acesso, e equipes farão a roçagem e poda de árvores.

O trabalho será executado por uma força-tarefa que reúne vários órgãos , numa ação que vai economizar cerca de R$ 500 mil aos cofres públicos, com mão de obra direta, como socioeducandos do sistema Prisional.

A Ermida é a primeira construção de alvenaria da cidade, inaugurada em 1957, antes mesmo de Brasília. Mais tarde, ao redor, foi criado o Parque Ecológico Ermida Dom Bosco – recentemente recategorizado como Monumento Natural.

A Secretaria de Governo e o Brasília Ambiental coordenam a ação que já revitalizou outros parques no DF. Entre 2019 e 2020 foram dez parques ecológicos: Saburo Onoyama, Cortado, Olhos D’Água, Águas Claras, Parque das Garças, Denner, Ezechias Heringer, Copaíbas, Tororó e Areal. A Ermida é o décimo-primeiro. A escolha do parque se deu porque neste mês é comemorado o Agosto de Dom Bosco, padroeiro da cidade.

A previsão de conclusão dos trabalhos é para o dia 30 deste mês, com a realização de uma missa. O lugar conta com 131 hectares de área verde e atua, também, como uma unidade de conservação ambiental. A superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água do Brasília Ambiental, Rejane Pieratti, explica que essas áreas vão além das práticas esportivas e de lazer.

De acordo com a superintendente, estão previstos serviços como pintura de meios-fios, roçagem, troca de fechaduras e lavagem do auditório e da capela, que receberá novos vidros e pintura.

Ainda será construída uma rampa de acesso para pessoas com dificuldade de mobilidade, instalação de novos corrimões nas escadas e reparos nos banheiros, como a troca das louças do banheiro, tudo viabilizado pela parceria entre Brasília Ambiental, Secretaria de Governo, Turismo, Cidades, CEB, Caesb, Detran, DER-DF, Funap, SLU, Novacap e Administração Regional do Lago Sul. As são ações uma solução eficaz, rápida e baixo custo para o orçamento do GDF.

Os brasilienses usam o espaço para andar de bicicleta, caminhar, fazer trilhas, piquenique e nadar no lago, além de visitar a capelinha. Uma companhia de ballet da cidade está usando o espaço para treinar. A professora de ballet Juliana Nobre contou que a trupe fará uma apresentação numa mostra de dança. E que optaram por um espaço amplo para ensaiar e gravar a apresentação. “Só temos a sala de aula e não a estamos usando muito. A nossa preferência é por espaços abertos e, por isso, escolhemos a Ermida”, afirmou a professora Juliana Nobre.

As alunas têm aproveitado o espaço. “O lugar transmite muito Brasília, é a cara da cidade: amplo, com várias linhas e aberto”, destacou a professora. A bailarina e servidora pública Alana Deeter contou que é diferente dançar na Ermida. “Não estamos acostumadas com esse ambiente e temos alguns desafios: o piso, o sol. Mas temos a vista maravilhosa e a amplitude do lugar que compensa e nos tira da zona de conforto”, afirmou.

“A população de Brasília tem forte ligação com a natureza, protege e frequenta os nossos parques. Por isso, desde o início do governo, a Secretaria do Meio Ambiente está junto com a força-tarefa de revitalização de parques” afirmou o secretário, Sarney Filho .

Turismo

A secretaria de Turismo, Vanessa Mendonça, enalteceu a integração do GDF em mobilizar e trabalhar com as empresas públicas e outros órgãos. Segundo ela, isso faz toda a diferença na recuperação dos monumentos, espaços públicos e parques da cidade. “A Ermida tem uma característica especial, existe uma exploração de ecoturismo, contemplação, náutico e religioso”, disse.

De acordo com a secretária, o local é importante para a população e está incluído no roteiro ecumênico da Setur. “ A cidade que é boa para sua população, também é boa para os turistas”, afirmou Vanessa Mendonça. Ela afirmou, ainda, que o governo está ressignificando o turismo religioso no DF, dando mais estrutura, qualificação e promoção.

* Com informações da Secretaria de Turismo

AGÊNCIA BRASÍLIA 

Bikes compartilhadas voltam para o brasiliense

 


Serviço agora estará em todas as cidades. DF tem a maior malha cicloviária do país, com elevação de 20% em 18 meses

Agência Brasília começa nesta quarta-feira (19) uma série de reportagens sobre os planos do GDF para incentivar o uso da bicicleta em todo o Distrito Federal e, assim, fortalecer o hábito como alternativa de mobilidade e lazer para os brasilienses. Nesta primeira matéria, experiências também demonstram a importância da integração das bikes com os diversos modais de transporte do DF, algo que torna a cidade mais ágil, saudável e sustentável.


Vanderlúcio Gomes, sobre uso diário da bike: “Aumenta minha performance e fazer sobrar um dinheiro no final do mês” | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Há cerca de um ano, o mecânico Vanderlúcio Gomes da Silva, de 29 anos, incluiu na sua rotina o uso da bicicleta para ir ao trabalho. De segunda a sexta-feira ele saía pedalando de casa, no Riacho Fundo II, até a estação Taguatinga Sul do metrô. Lá, embarcava no último vagão – priorizado para quem está de bike –, descia na Estação Central da Rodoviária do Plano Piloto e completava o trajeto sobre duas rodas até a 703 Norte.

“Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo”Vanderlúcio Gomesmecânico

A integração dos modais usufruída por Vanderlúcio e por outros milhares de brasilienses que incluíram a bicicleta como um dos seus meios de transporte, diariamente, é uma das ações que o Governo do Distrito Federal (GDF) desenvolve para desafogar o tráfego de veículos nas ruas. A proposta faz parte do Plano de Mobilidade Ativa desenvolvido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade e vai atender, principalmente, quem mora nas outras 32 regiões administrativas do DF e trabalha no Plano Piloto de Brasília.

Nesse sentido, o governo se prepara para reativar um serviço que dará suporte a quem depende só do transporte coletivo: o compartilhamento dos equipamentos de mobilidade sobre duas rodas – aqueles que podem ser retirados e entregues em estações fixas da cidade. “A ideia é voltar com as bikes e os patinetes compartilhados. Estamos preparando o edital para botar a licitação que permitirá o contrato das empresas ainda neste semestre”, adianta o  secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro.

O termo de referência – com regras para a prestação do serviço e a minuta de acordo de cooperação, sem custo algum para os cofres públicos – serão analisados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF). Só depois disso o documento será divulgado.

Metrô tem o último vagão prioritário a quem viaja com a bicicleta | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

“Desde o início da atual gestão o governo tem dado uma atenção especial à ciclomobilidade, principalmente no Plano Piloto, que recebe trabalhadores de todas as cidades que não podem abrir mão do metrô ou do ônibus em um longo percurso. Mas que ganham tempo, economia e qualidade de vida fazendo parte dele pedalando”, completa Casimiro.

Também nas RAs

O retorno das vem acompanhado de uma novidade: os “aluguéis” deixam de se limitar ao Plano Piloto e passam a circular por todo o Distrito Federal. “Pela primeira vez a secretaria vai abrir um processo para contratar os serviços em outras regiões administrativas fora da região central de Brasília”, conta o subsecretário de Infraestrutura e Planejamento, José Soares de Paiva.

O técnico do governo lembra que o princípio da prestação de serviço do transporte público é oferecê-lo desde o ponto de partida do cidadão, ou seja, a casa ou trabalho do brasiliense. Por uma questão logística em grandes centros urbanos, isso nem sempre é possível. “A dinâmica não permite a cobertura integral. Então, precisamos oferecer meios para essa complementação, seja a pé ou de bicicleta”, acrescenta.

Dados da Subsecretaria de Infraestrutura e Planejamento apontam os ônibus como o meio de transporte responsável por atender de 40% a 45% da população do DF. Já o metrô serve de 10% a 12% dos moradores de Brasília. O modal sobre trilhos tem o último vagão prioritário a quem viaja com a bicicleta.

Já com os ônibus isso ainda é diferente. Como os contratos da atual frota em circulação são de 2012 e 2013, a Secretaria de Transporte e Mobilidade estuda a possibilidade de inserir adaptações nos veículos contratados a partir de 2022, atendendo a quem os utilizar com a bicicleta a tiracolo.

Mulheres têm cada vez mais aderido à integração das alternativas de transporte | Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

Saúde e menos gastos

Com uma economia mensal de pelo menos R$ 300 – se utilizasse o carro, o gasto seria R$ 800 a mais por mês –, o mecânico Vanderlúcio Gomes, o trabalhador do início desta reportagem, resolveu alterar sua rotina de transporte durante a quarentena. Agora percorre de bicicleta todos os 30 quilômetros de casa ao trabalho. Ainda que enfrente a carência de ciclovias no trajeto, ele não se arrepende da mudança, à qual atribui questões pessoais.

“Não troquei por não me atender ou porque não gostasse, pelo contrário. Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo. Além de aumentar minha performance e fazer sobrar um dinheiro no final do mês”, relata Vanderlúcio.

* Leia nesta quinta (29): a evolução da malha viária em todo o DF 

AGÊNCIA BRASÍLIA 

Hospital Regional Norte auxilia mulheres a superar desafios da amamentação

 


18 DE AGOSTO DE 2020 - 16:06 # # # # #

Teresa Fernandes - Texto
Jeorge Farias - Artes gráficas

Mãe pela terceira vez, Gleycilane dos Santos Machado, 35, teve uma gravidez de alto risco em virtude da diabetes. Há vinte dias, com 37 semanas de gestação, a dona de casa deu à luz Isabela no Hospital Regional Norte (HRN), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado. No ambulatório de aleitamento materno da unidade, mãe e filha estão sendo acompanhadas para que a criança cresça e se desenvolva de forma saudável.

“Eu me sinto realizada em amamentar. É muito prazeroso e eu sei que são muitas vantagens para a minha bebê. Quero amamentar sem parar até o sexto mês”, ressalta. Ajudar mulheres a enfrentar os desafios da amamentação é uma das missões do HRN, que proporciona um atendimento especializado, pautado pela humanização. Para Gleycilane, o apoio tem sido fundamental. “O ambulatório me ensinou muitas coisas, principalmente a pega correta, tanto que meu seio não feriu e está tudo bem com a minha filha”, relata.

Posicionar o bebê de forma correta está entre as principais dificuldades relatadas pelas mães durante o aleitamento materno, como explica a médica do banco de leite do HRN, Izabela Tamira. De acordo com a especialista, as mulheres que recorrem ao ambulatório também se queixam, com frequência, de problemas mamários e da dificuldade de ganho de peso pelo bebê.

“Como a mãe e o bebê estão nesse processo de conhecimento e familiarização, de aprendizagem, da melhor maneira de amamentar para os dois, é muito comum essa dificuldade de posicionamento, o que vai gerar uma pega incorreta no seio da mãe. Isso é responsável por problemas mais comuns que observamos na prática clínica, como a fissura mamilar, o acúmulo de leite nos alvéolos e a mastite, infecção que geralmente causa dor e desconforto nos seios”, explica a médica.

Na consultoria de amamentação realizada pelos profissionais do ambulatório, as mulheres recebem todas as orientações necessárias para superar estes e outros problemas. A equipe também reforça as vantagens da amamentação para a mãe e o bebê, que é acompanhado pela Pediatria do HRN até os seis meses de vida. “A proposta do serviço é fazer o acolhimento de mulheres com problemas mamários e acompanhar o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês”, explica a coordenadora do banco de leite do HRN, Samara de Andrade.

O ambulatório de aleitamento materno é vinculado ao Banco de Leite do HRN e iniciou as atividades em agosto de 2017. Ao todo, já foram realizados mais 300 atendimentos de mulheres com dificuldades na amamentação. A primeira consulta é feita pela equipe de Enfermagem e as seguintes, em caso de necessidade, são agendadas para a Pediatria.

As mulheres cujos bebês nasceram no HRN são encaminhadas para o ambulatório de aleitamento materno. Durante a pandemia, os serviços ficaram suspensos, sendo retomados em julho. A prioridade é atender mães de “primeira viagem”, mães de gêmeos, além de mulheres em situação de vulnerabilidade social, com histórico de insucesso em amamentações anteriores e adolescentes.

Sandy Azevedo, 26, está entre as pacientes atendidas pelo setor. Mãe de três meninas, Maria Clara, de cinco meses, e das gêmeas Sarah e Sofia, de cinco anos, ela enfrentou algumas dificuldades para amamentar. A fisioterapeuta buscou o serviço após apresentar mastite e conta que o atendimento foi importante para que ela pudesse fazer o aleitamento de forma correta.

“Eu tinha uma grande demanda de leite e precisava fazer a ordenha corretamente. Como as técnicas estavam sendo erradas, eu tive mastite. Minha prima me apresentou o banco de leite do HRN como referência. Eu fui muito bem atendida pela equipe especializada do ambulatório de aleitamento, foi passada toda a orientação”, avalia.

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– Aleitamento materno é tema de série de reportagens