domingo, 26 de julho de 2020

China quer testagem em massa em frigoríficos do Brasil para não haver contaminação em carnes


COVID-19

China quer testagem em massa em frigoríficos do Brasil para não ...

Mesmo admitindo que risco em produtos congelados ou embalagens é muito baixo, autoridade chinesa afirma que não serão aceitas exportações de plantas com funcionários com suspeita de contaminação

A China quer risco zero de contaminação por Covid-19 nas exportações brasileiras de carnes e pede testagem em massa nos frigoríficos, informou a embaixada do Brasil em Pequim ao Itamaraty, em documento obtido pelo Canal Rural. Desde o fim de junho, o país asiático tem suspendido frigoríficos brasileiros e de outros países que tenham apresentado casos da doença entre funcionários.
O pedido teria sido feito durante videoconferência no sábado, 18, pelo diretor-geral do Bureau de Segurança dos Alimentos Importados e Exportados da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC, na sigla em inglês). Na mesma ocasião, foi comunicada a retirada da suspensão de embarques de um frigorífico brasileiro.
De acordo com a embaixada, a autoridade chinesa reconhece que o risco de contaminação em alimentos congelados ou embalagens é muito baixo, conforme diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Porém, solicitou que o lado brasileiro “adote medidas que convençam a GACC de que não haverá risco de contaminação dos alimentos brasileiros”. Segundo o diretor geral, os chineses não aceitarão a continuidade de exportações de plantas que mantenham em atividade funcionários com suspeita de contaminação.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal, disse que não irá se manifestar sobre medidas de protocolo solicitadas pela autoridade chinesa, pois elas ainda precisam ser negociadas. A pasta era contra adoção de testagem em massa no momento da edição da portaria 19, que regulamenta as medidas de prevenção em frigoríficos, e por enquanto ainda não há novidades de atualização da posição em relação a essa questão.
Em nota enviada ao Canal Rural, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que “não comentará sobre documentos oficiais não endereçados a ela. Ao mesmo tempo, a entidade reafirma a sua confiança na liderança do Ministério da Agricultura, na demonstração da qualidade e da sanidade dos produtos exportados.”
O comentarista do Canal Rural Miguel Daoud acredita que as medidas pedidas pela China são totalmente desproporcionais considerando a relação comercial dos país. Ele lembra que os Estados Unidos também têm um problema grande com a pandemia, mas não têm sido tão afetados por suspensões de plantas.
Por fim, Daoud acha que o governo deveria se posicionar de medida diplomática para mostrar a capacidade do setor de carnes em relação à sanidade da produção.

Veja a íntegra do documento:

Segue abaixo, para conhecimento, informação recebida da Embaixada do Brasil em Pequim:
Em videoconferência, em 18/07, o diretor-geral do Bureau de Segurança dos Alimentos Importados e Exportados da Administração-Geral de Aduanas da China (“General Administration of Customs of the PRC” – GACC) comunicou a retirada da suspensão às exportações de um estabelecimento brasileiro e indicou que espera que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adote medidas com vistas a garantir “risco zero” de contaminação das exportações brasileiras de produtos cárneos por Covid-19.
2. Após analisar os relatórios fornecidos pelo lado brasileiro, a GACC decidiu retirar a suspensão ao frigorífico registrado sob o SIF 3941 a partir de 17/07. Outros cinco estabelecimentos permanecem suspensos: SIFs 922, 2015, 1661, 3975 e 60, dos quais apenas o 922 também é caso de autossuspensão. Indagado por que apenas o SIF 3941 foi autorizado a retomar as exportações, o DG explicou que, no entendimento dos chineses, as medidas adotadas por aquela planta asseguraram não haver novos casos de contaminação entre funcionários.
3. Posteriormente à reunião, foi anunciada a retirada da suspensão de um estabelecimento argentino (que havia declarado autossuspensão) e um alemão (suspenso pela GACC).
4. Sobre os critérios seguidos para a suspensão de estabelecimentos, a autoridade chinesa reconheceu que as diretrizes da FAO e da OMS consideram que o risco de transmissão em alimentos congelados ou embalagens é muito baixo, mas afirmou que há estudos que apontam para conclusões distintas. Enfatizou que, neste momento, precisa assegurar “risco zero” de transmissão. Por isso, solicitou que o lado brasileiro “adote medidas que convençam a GACC de que não haverá risco de contaminação dos alimentos brasileiros”. De acordo com o DG, os chineses não aceitarão a continuidade de exportações de plantas que mantenham em atividade funcionários com suspeita de contaminação. Com vistas a preservar a confiança mútua, sugeriu que o Mapa aplique as suspensões nos frigoríficos em que haja suspeita de contaminação de funcionários, o que, na sua opinião, tornaria o processo de retomada das exportações mais simples.
5. As autoridades brasileiras solicitam ser informadas sobre os critérios para a aplicação e a retirada da suspensão. O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa encaminhou carta com proposta de medidas a serem adotadas, mas ainda não obteve resposta. O lado brasileiro indagou se os mesmos critérios aplicados ao Brasil estão sendo exigidos de outros países, a exemplo dos Estados Unidos, que tiveram até o momento apenas uma planta suspensa, apesar de registrar número maior de casos e de estabelecimentos habilitados.
6. Após alegar que os exportadores norte-americanos estão recebendo o mesmo tratamento que os brasileiros, o DG reiterou que a GACC espera que as autoridades brasileiras apliquem as medidas necessárias para garantir o “risco zero”. Para a GACC, estabelecimentos com um ou dois casos identificados não precisam necessariamente ser suspensos, mas devem adotar medidas para garantir que nenhuma pessoa com contaminação comprovada ou suspeita continue trabalhando. Como exemplo, mencionou frigorífico não especificado que, após identificar um caso de contaminação, passou a testar diariamente 20% de seus funcionários, além de realizar exames de ácido nucleico em seus produtos. Nesse caso, a GACC entendeu não ser necessário suspender a planta.
7. As autoridades sanitárias chinesas estão sob grande pressão para assegurar “risco zero” de novas contaminações por meio de alimentos importados. É nesse contexto que se insere a expectativa da GACC de que o lado brasileiro adote medidas extraordinárias de combate à Covid-19.
8. O Mapa já apresentou, em versão traduzida para o chinês, dois documentos com descrição das iniciativas que vêm sendo adotadas pelo lado brasileiro:
(a) Portaria Conjunta n. 19 (18/06/2020), que estabelece as medidas a serem observadas visando à prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano e laticínios; e
(b) carta do secretário de Defesa Agropecuária do Mapa com descrição das medidas adotadas em frigoríficos exportadores para a China.
9. A GACC mencionou como positivas as seguintes medidas que poderiam ser incluídas em protocolo a ser adotado para estabelecimentos que identificarem casos de Covid-19 entre funcionários:
– submeter à quarentena o funcionário com suspeita de contaminação e todos aqueles que com ele tiverem mantido contato direto;
– realização de testes em todos os funcionários do estabelecimento, possivelmente de forma periódica, para assegurar a não ocorrência de novas contaminações;
– suspensão temporária das atividades para desinfecção do estabelecimento;
– realização de teste de ácido nucleico para detecção do vírus em amostras dos produtos a serem exportados para a China.
Atenciosamente,
Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II)
Departamento de Promoção do Agronegócio (DPAGRO)
Ministério das Relações Exteriores (MRE)
Por Paola Cuenca e Felipe Leon

Governo federal ajuda no combate a incêndios no Pantanal


FOGO


Equipes do Ministério do Meio Ambiente e das Forças Armadas começam a operar neste sábado, 25; aeronaves serão usadas para tentar controlar focos em áreas fechadas

helicóptero dos bombeiros incêndio

Foto: Ministério da Defesa
Equipes do Ministério do Meio Ambiente e das Forças Armadas começaram a atuar neste sábado, 25, no auxílio ao combate a incêndios no Pantanal, no estado de Mato Grosso do Sul. A iniciativa foi uma resposta a um pedido do governador, Reinaldo Azambuja.
Na sexta, 24, o governante declarou estado de emergência ambiental por 180 dias em razão do alastramento dos fogos. Também foram suspensas as autorizações para queimadas controladas no estado. Segundo o governo estadual, os maiores focos de calor são ao longo do Rio Pantanal, próximo às cidades de Corumbá e Ladário.
Reinaldo Azambuja solicitou apoio operacional nas ações de combate ao fogo, incluindo um helicóptero do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e veículos aéreos do Exército para transporte dos brigadistas.
Os representantes do governo federal se juntam às equipes locais do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar Ambiental. A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
O Exército informou por meio de nota que estabeleceu um Centro de Coordenação no município de Ladário. Foram disponibilizados um helicóptero e um avião. As aeronaves contribuem tanto para despejar águas nos focos de queimada quanto para transportar brigadistas a locais mais difíceis.

Por Agência Brasil

Milho: mercado interno tenta se alinhar a preços do porto; veja tendência


PRÓXIMA SEMANA


De acordo com a consultoria Safras, em Santos (SP) e Paranaguá (PR), a saca está cotada a R$ 51/R$ 52. Analista diz o que pode elevar ou baixar as cotações

Por Agência Safras

milho embrapa

Foto: Renata Silva/Embrapa Rondônia
O mercado do milho fechou a sexta-feira passada com preços firmes. Nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), a saca de 60 quilos estava avaliada em R$ 51/R$ 52. Para os próximos dias, segundo a consultoria Safras, o mercado interno deve tentar se alinhar às cotações nos portos.
O analista Paulo Molinari preparou um material especial com dicas do que pode determinar a direção das cotações nesta semana. Confira:

Bolsa de Chicago

  • Mercado internacional sem fortes novidades para o milho;
  • Atenção aos dados de avaliação de produtividade para o milho no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 10 de agosto. Mesmo que ocorra algum corte de produtividade, o que seria normal pelo clima de julho, o estoque de 67 milhões de é alto e sua leve queda não mudaria o horizonte de preços;
  • O movimento de mercado da China é normal. O governo vende estoques para atender à sua demanda interna. Seus estoques são altos e demoram mais para atender à demanda. A opção pode ser importar. Nada além disso;
  • Trigo com colheitas boas na Ucrânia e Rússia esfriam preços;
  • Colheita de milho nos EUA em setembro deve manter o grão oscilando entre US$ 3,20/3,45 nesta safra 2020;
  • Exportações apenas normais nos EUA;

Brasil

  • Os preços no mercado interno tentam se alinhar aos níveis de porto;
  • Procura para os embarques de outubro e novembro em Mato Grosso avançam oferecendo um bom sinal de exportação para o período. Contudo, demandas em Santos e Paranaguá seguem concentradas em agosto e setembro;
  • Colheitas vão avançando em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e São Paulo e se intensificarão nesta virada de mês;
  • Muitos contratos a cumprir e postura do produtor em reter mais milho neste ano do que vender na colheita amarram a oferta e sustentam preços regionais. Entretanto, a grande maioria está engessada nos preços de porto;
  • Alinhamento de embarques em julho programado em 5,4 milhões de toneladas. Agosto, até o momento, 3 milhões de toneladas. Isso mantém o tradicional bom embarque no trimestre julho/agosto/setembro. A dúvida é realmente entre outubro e janeiro;
  • Volatilidade do câmbio vai influenciando os preços dos portos.
Por Agência Safras

Você viu? Maior fábrica de queijos do Brasil será construída no Paraná


TOP 5


Unidade será capaz de processar mais de 2 milhões de leite por dia; mais lidas da pecuária também incluem análise de mercado e manejo de pasto

A notícia sobre o setor pecuário mais lida na última semana foi a que revelava que a maior fábrica de queijos do país será erguida no Paraná.
Também foram destaque no período reportagens mostrando as tendências de preço no mercado bovino até o fim do ano, manejo para limpeza de pasto e dicas de onde instalar o bebedouro no piquete.
Confira as notícias que foram destaque na pecuária no top 5 da semana:

5. Onde posicionar bebedouros no pasto? Devo colocar na sombra?

bebedouro no piquete
Foto: Giro do Boi/reprodução
Pecuarista paulista perguntou se é ideal buscar sombreamento para instalar uma pilheta no piquete; veja a resposta do especialista
Link:

2. Boi gordo pode voltar a patamares maiores com oferta reduzida, diz Safras

boi gordo confinamento
Foto: Sepaf-MS
Além das exportações chinesas seguirem aquecidas, o consumo doméstico está positivo para o período do mês, de acordo com a consultoria. Saiba mais

3. Pecuarista goiano economiza no arrendamento após limpar pasto com defensivo

recuperação de pasto
Foto: Giro do Boi/reprodução
Após controlar plantas daninhas com herbicida e reforçar a fertilidade do solo com adubação, produtor trouxe para dentro da fazenda cerca de mil cabeças a mais. Confira

2. Preço do boi ultrapassa o da carne; veja a tendência até o fim do ano

carne bovina marfrig
Foto: Pixabay
A fraca demanda interna limita a valorização da proteína enquanto a arroba segue pressionada por oferta restrita e exportações aquecidas. Leia a reportagem completa

1. Maior fábrica de queijos do Brasil será construída no Paraná

Queijo
Foto: Pixabay
A capacidade de processamento da unidade vai ultrapassar 2 milhões de litros por dia, quando estiver em pleno funcionamento. Confira os detalhes
por;canal rural 

Pulverização pode ter acabado com nuvem de gafanhotos na Argentina


BOA NOTÍCIA


Técnicos do Senasa vão verificar a efetividade das aplicações contra o grupo de insetos que estava em Entre Ríos. Outras duas nuvens são monitoradas

senasa combate nuvens gafanhotos 2

Operação deste sábado, 25, contra a nuvem de gafanhotos envolveu pulverização aérea e terrestre. Foto: Senasa Argentina
Técnicos do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) devem confirmar neste domingo, 26, se foi extinta a nuvem de gafanhotos que desde junho circulava em áreas de fronteira do país com o Brasil e o Uruguai.
Acompanhados de produtores rurais de Federación, na província de Entre Rios, eles devem percorrer as áreas onde no sábado, 25, ocorreram pulverizações com tratores e com avião. O trabalho coordenado foi em nove propriedades rurais, cobrindo 380 hectares e abrangendo pomares de cítricos e floresta comercial de eucalipto. O município fica na divisa com o território uruguaio e a cerca de 100 quilômetros da cidade gaúcha de Barra do Quaraí.
Da espécie sul-americano (Schistocerca cancellata), os gafanhotos vieram do Paraguai e desde junho percorriam áreas de fronteira entre os três países. A nuvem chegou a Federación na terça, 21. Na quarta, 22, uma operação aérea contra os insetos chegou a ser abortada na última hora, devido ao nevoeiro.
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Gafanhoto da espécie Schistocerca cancellata. Foto: Senasa Argentina
Já na quinta, 23, depois da pulverização aérea ter sido novamente cancelada na última hora, produtores do município entraram em ação com seus equipamentos – pulverizadores tipo turbina, acoplados em tratores. O trabalho foi coordenado com o Senasa (que também fornece o produto a ser aplicado) e representantes do Departamento de Defesa Vegetal da província. Embora as autoridades não tenham divulgado o percentual da nuvem eliminada na primeira ação, ela havia sido considerada “muito boa”.
Já a operação deste sábado começou às 9h, com sete produtores usando seus pulverizadores terrestres em 290 hectares. Entre as 13h30 e as 14h45, um avião agrícola se encarregou dos gafanhotos espalhados pelos 90 hectares restantes. A movimentação foi principalmente na altura dos quilômetros 296 a 298 da Ruta 14.
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Foto: Senasa Argentina

Mais duas nuvens

Os gafanhotos combatidos neste sábado em Entre Ríos haviam entrado na Argentina em maio, vindos do Paraguai. A nuvem chegou a ter 15 quilômetros quadrados em voo, segundo o Senasa. Cerca de um terço dela havia sido eliminada em ações anteriores – principalmente duas pulverizações aéreas ocorridas em Corrientes, em 26 de junho e 2 de julho.
Havia mais de 70 anos que uma nuvem tão grande de insetos não se aproximava da fronteira argentina com Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Inclusive o surto ocorrido em 1947 determinou o surgimento da aviação agrícola brasileira, que teve seu primeiro voo em 19 de agosto daquele ano, contra gafanhotos no município gaúcho de Pelotas.
O Senasa também segue monitorando outra nuvem, ainda maior – com 20 quilômetros quadrados, localizada na segunda-feira, 20, 700 quilômetros a noroeste. A segunda leva de insetos também teria entrado a partir do Paraguai, na província argentina de Formosa. Na terça, os gafanhotos chegaram à província do Chaco, onde seguem sendo rastreados pelo langosteros – apelido dos técnicos do Senasa, a partir da palavra espanhola para gafanhotos.
E há ainda uma terceira nuvem no Paraguai, que teria aparecido dia 16 de julho no radar do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes paraguaio (Senave). A última localização dos insetos anunciada pelo Senave foi na terça, na localidade de Picada 500, a cerca de 200 quilômetros da fronteira argentina.

Governo gaúcho publicou plano de supressão contra a praga

Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) publicou na sexta-feira, o Plano de Emergência para Supressão e Controle de Gafanhotos no estado. Definido pela Instrução Normativa 17 de 2020, o plano abrange ações emergenciais contra o gafanhoto sul-americano, cria o Comitê de emergência Fitossanitária do estado e estabelece regras para as operações aéreas e terrestres contra a praga, entre outras ações.
O governo gaúcho também teve confirmado durante a semana a liberação de R$ 600 mil do Ministério da Agricultura. Recurso para custear as ações contra gafanhotos, caso alguma nuvem ainda entre no estado. Dinheiro que servirá, por exemplo, para fornecer os produtos a serem utilizados em eventuais pulverizações – o que nesse tipo de operação é responsabilidade do estado.
Desde o fim de junho, a Seapdr realizou dois cursos para treinar seus fiscais agropecuários e técnicos da Emater para o monitoramento das nuvens e atuação nas operações. Além disso, a secretaria mapeou estoque dos produtos autorizados para as operações, em fornecedores de todo o estado. Além disso, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) mapeou para o estado a localização de 70 aeronaves de prontidão nas regiões de fronteira do Rio Grande do Sul – entre uma frota de mais de 400 aeronaves colocadas à disposição do governo local.
Por Canal Rural

Gafanhotos na Argentina: 85% da nuvem pode ter sido eliminada


CONTROLE QUÍMICO


O primeiro grupo de insetos estava na província de Entre Ríos e foi alvo de pulverizações aéreas e terrestres neste sábado, 25

O controle químico realizado por equipes do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) neste sábado, 25, resultou na morte de até 85% dos gafanhotos presentes na nuvem que estava na província de Entre Ríos, estima a entidade.
Segundo o Senasa, foram realizadas pulverizações aéreas e terrestres, que cobriram aproximadamente 400 hectares, caracterizados por florestas e plantações de citros. “Essas tarefas complementam as já realizadas nos dias 23 e 24, que tiveram que ser interrompidas pela ocorrência de chuvas”, salienta.
gafanhotos mortos

Foto: Senasa
Autoridades enfatizaram que só foram possíveis graças aos esforços conjuntos, à colaboração de diferentes níveis, entidades e produtores. “É importante destacar a coordenação público-privada na abordagem desse problema, respondendo rapidamente à preocupação do setor produtivo, pois foi através da coordenação interinstitucional e do trabalho de campo que a tarefa pôde ser realizada com resultados satisfatórios”, afirma o secretário adjunto da Federação das Associações Rurais de Entre Ríos (Farer), Héctor Reniero.
Em documento do Senasa, acrescenta-se que as condições ambientais — baixa temperatura e garoa — favoreceram a concentração da nuvem de gafanhotos, o que permitiu definir mais precisamente o local onde deveriam ser feitas as aplicações no sábado.
Neste domingo, 26, as tarefas de monitoramento continuarão, áreas com presença de lagostas ativas serão identificadas e novos controles serão programados no local, se necessário.
“Nesse sentido, pretende-se tranquilizar à comunidade agropecuária e à sociedade como um todo, uma vez que as tarefas foram realizadas em tempo hábil, com o cuidado exigido pelas práticas utilizadas, a fim de atender ao objetivo proposto: diminuir substancialmente a densidade populacional de pragas”, informa.
por canal rural 

Pasto sobre Pasto promete reduzir ou até eliminar vazios forrageiros


DESENVOLVIDO PELA EMBRAPA


Segundo a Embrapa, além de estabilizar a oferta de forrragem, o conceito melhora a fertilidade do solo e contribui para o controle de plantas invasoras

gado no pasto

Foto: Marcia Silveira/Embrapa
Mesclar plantas forrageiras na mesma área, iniciando um novo ciclo de crescimento do pasto sobre outro ciclo, sem remover as diferentes forrageiras em produção é a lógica do Pasto sobre Pasto, um conceito de produção para alimentação animal que começa a ser difundido por pesquisadores da Embrapa no Sul do Brasil. A novidade possibilita maior estabilidade na oferta de forragem ao longo do ano, principalmente nos críticos períodos de transição entre as estações frias e quentes do ano, quando ocorrem os conhecidos vazios forrageiros.
Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS) Danilo Sant’Anna, as condições ambientais de cada lugar podem proporcionar produção de forragem em excesso em alguns momentos, e escassez em outros. “O clima, a escolha das cultivares, a forma e o momento do plantio são alguns dos fatores que influenciam na maior ou menor estabilidade da oferta de pasto ao longo do ano. Isto é, na existência ou não e na duração dos conhecidos vazios forrageiros”, comenta.
Com as estações do ano bem definidas, a região Sul do Brasil é privilegiada por possibilitar grande diversidade forrageira nas estações frias e também nas estações quentes do ano. “Se por um lado é positivo termos grande diversidade e alternativas de pastagens, tanto de espécies cultivadas quanto nativas do bioma Pampa, por exemplo, por outro lado, isso impõe certa complexidade ao sistema diante de um grande desafio que é produzir pasto o ano todo”, complementa a pesquisadora da Embrapa Márcia Silveira.
Essa complexidade se dá justamente pelas inúmeras possibilidades de tipos de forrageiras possíveis de se usar na região, associadas à dificuldade por parte do produtor em manejar adequadamente as plantas, desde seu plantio até o uso da área pelos animais. Soma-se a isso, ainda, a ação de eventos climáticos como El Niño e La Niña, que frequentemente acometem a região Sul, impactando a produção ao longo dos ciclos de produção de inverno e verão, bem como os períodos de transição entre as estações quentes e frias do ano, quando ocorrem os vazios forrageiros.

Períodos do vazio

Basicamente são três os principais períodos de vazio: quando a curva de produção das forragens de verão está caindo e as forragens de inverno ainda não se estabeleceram completamente; quando a curva de produção das forragens de inverno está caindo e as de verão ainda não se estabeleceram; e o terceiro momento ocorre quando a propriedade trabalha na integração com as lavouras de verão, como a soja, e utiliza uma parte significativa de sua área com essas lavouras, causando um desbalanço na oferta total de forragem do sistema, principalmente no período de verão.

Pasto 365 dias do ano

Justamente buscando reduzir ou eliminar esses períodos de vazio forrageiro, que são agravados pelos efeitos dos fenômenos El Niño e La Niña, pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul vêm trabalhando com o conceito de Pasto 365 dias do ano, que direciona o planejamento forrageiro para obter o maior número de dias com pastejo, em cada metro quadrado da propriedade e na maior área útil possível que não esteja sendo usada com uma lavoura. “Para isso, é preciso maximizar e alongar a produção das diferentes forrageiras, trabalhando também nos períodos de transição, com um conjunto de técnicas que expressam o conceito de produção chamado de Pasto sobre Pasto”, destaca Sant’Anna.
O Pasto sobre Pasto, como o próprio nome diz, baseia-se, portanto, no aumento da diversidade forrageira e na sobreposição de plantas forrageiras com características que se complementam. “A ideia é ter, ao mesmo tempo, mais de uma forrageira na mesma área, sobrepondo, no caso do Sul do Brasil, forrageiras da estação fria com forrageiras da estação quente e vice-versa”, diz Márcia.

Muitas opções de forrageiras

Diversas são as mesclas forrageiras possíveis dentro desse conceito. Nos trabalhos conduzidos na Embrapa Pecuária Sul, um dos consórcios mais usados foi com três cultivares lançadas pela Embrapa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Associação Sul-brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto): azevém BRS Ponteio, trevo-branco BRS URS Entrevero e capim-sudão BRS Estribo. Esses materiais vinham sendo utilizados de forma isolada ou dentro dos consórcios convencionais (azevém + trevo). “O ponto inicial para o uso dessas cultivares no Pasto sobre Pasto foi, a partir do conhecimento das características de cada material, vislumbrar oportunidade de complementariedade entre eles e então iniciar a condução de trabalhos com as mesclas nos ciclos de inverno e verão da região, em sucessão e sem o uso de dessecação”, conta Márcia.

Conceito aberto

O Pasto sobre Pasto não é um modelo pronto, e deve ser pensado e trabalhado como um conceito, respeitando as especificidades de cada propriedade e região. Cabe ao produtor, assessorado por um técnico, decidir quais as melhores opções para suprir as necessidades de forragem do rebanho no seu sistema de produção.
“Principalmente nas áreas de integração lavoura-pecuária em terras baixas, nos experimentos realizados na Embrapa, usamos essas três plantas (azevém, trevo-branco e capim-sudão), mas o produtor deve buscar entender quais mesclas são possíveis para a sua propriedade”, reforça Danilo Sant’Anna. Dentro dessa lógica, esse é um conceito que pode ser adaptado e aplicado em propriedades de todo o Brasil.

Resultados

Ao longo de dois anos, entre 2016 e 2017, os pesquisadores da Embrapa compararam uma área onde foram aplicados os pilares do Pasto sobre Pasto (mescla de azevém, trevo-branco e capim-sudão) com uma área-testemunha, onde foram realizadas práticas convencionais de dessecação da área antes da implantação da forrageira da estação e uso de pastagens monoespecíficas (azevém no inverno e capim-sudão no verão).
No caso da pastagem de inverno (azevém) implantada de forma convencional, o ganho individual médio dos animais até setembro era de 970 gramas por dia, em outubro o ganho individual médio foi para 470 gramas por dia, o que baixou a média geral para 870 gramas por animal por dia. Na pastagem com a mescla forrageira de inverno (azevém + trevo-branco + capim-sudão em fim de ciclo), os ganhos foram mais estáveis até o fim da condução da fase inverno do trabalho, o que garantiu uma maior média de ganho de peso, chegando a mais de 1 quilo por animal por dia.
“A capacidade de suporte, portanto, da pastagem consorciada no sistema Pasto sobre Pasto foi maior em relação ao sistema convencional. Isso tanto para a fase hibernal como para a fase estival, o que proporcionou um melhor resultado produtivo para o sistema proposto. A contribuição do trevo-branco no fim do ciclo do azevém foi o que provavelmente proporcionou ganhos em torno de 1 kg por animal/dia até o fim do ciclo”, explica Sant’Anna.
Os ganhos na fase de verão também chamam a atenção, principalmente nas mesclas forrageiras. Enquanto no sistema convencional o ganho individual médio foi de 970 g por dia, no Pasto sobre Pasto esse número ultrapassou os 1,2 kg por animal/dia. “É possível observar a influência que o trabalho com pastagens mistas pode ter no produto que nos remunera o sistema, ou seja, no ganho de peso individual e por área dos animais”, conclui Márcia.

Principais Pilares

Os pilares do Pasto sobre Pasto baseiam-se em algumas premissas, que servem como guia geral para o produtor:
  • conhecimento das condições de clima e solo da região e de cada potreiro do sistema de produção, pois elas influenciam diretamente na produção de forragem e nas possibilidades de sucesso de cada mescla forrageira proposta;
  • conhecimento das características das diferentes forrageiras buscando sinergia e complementaridade entre as espécies e/ou cultivares usadas;
  • manejo estratégico do uso do pasto com as mesclas forrageiras ao longo do ciclo e nos períodos de transição (fim do ciclo de uma cultura e início da cultura em sucessão);
  • implantação de espécies sem uso de dessecação e sem revolvimento do solo, a fim de não ser interrompido nenhum ciclo de produção;
  • adoção da técnica chamada de dessecação pré-plantio quando se trabalha com lavouras de grãos e há necessidade de usar herbicidas dessecantes para implantar a lavoura. A operação é realizada um dia antes ou muito próximo do plantio da lavoura, a fim de se ter o máximo de tempo possível de pastejo na área antes de plantar a lavoura;
  • nutrição adequada e direcionada, a fim de suprir as necessidades de nutrientes para o desenvolvimento de todas as espécies forrageiras envolvidas nas mesclas.
É fundamental para o sucesso do Pasto sobre Pasto que nenhuma planta sofra qualquer tipo de restrição, como por exemplo de disponibilidade de água, principalmente no momento do estabelecimento da mescla forrageira. É crucial, ainda, a realização de manejos específicos antes da introdução das forrageiras da estação, como o rebaixamento prévio das plantas com o aumento da carga animal, por exemplo.
Todos esses manejos necessários para trabalhar o conceito estão descritos na Circular Técnica 52, lançada em 2019 pela Embrapa.

Fertilidade do solo também é melhorada

Outro importante benefício do Pasto sobre Pasto é que ao mesmo tempo em que se estabiliza e intensifica a oferta de forragem aos animais, também se proporciona o mesmo com relação à oferta de biomassa vegetal para a microbiota do solo. Nos períodos de falta de forragem, além de haver redução da oferta de alimentos aos animais, reduz-se concomitantemente os processos de melhoria das condições de fertilidade do solo, relacionados com a maior ou menor atividade da microbiota do solo.
“Em outras palavras, ao ocorrer períodos de vazios forrageiros e/ou reduzido crescimento de pastos e raízes, perdemos tempo e oportunidades de melhorar também os solos. Com a estabilidade proporcionada pelo Pasto sobre Pasto, temos mais tempo de planta verde e raiz crescendo, e isso proporciona mais alimento tanto para os animais como para a microbiota do solo, que, a partir dessa biomassa, forma agregados de solo, matéria orgânica e, por fim, melhora acentuadamente suas condições de fertilidade e vida”, explica Sant’Anna.
Além da melhor distribuição de forragem ao longo do tempo e da melhoria da qualidade do solo, outro benefício que se observa no uso de forrageiras em sucessão no sistema é o auxílio e contribuição da mescla forrageira para o controle de diferentes plantas invasoras.
“A área com forrageiras consorciadas apresentou apenas 16% de cobertura do solo por plantas indesejáveis (predominantemente milhã) quando comparado a 51% da área só com a forrageira de verão. Tal fato pode ser explicado pela maior cobertura do solo – 94% em comparação a 61% de cobertura na área dessecada para plantio da forrageira na forma de pasto monoespecífico. Logo, a presença de plantas desejáveis (como o trevo-branco) no momento do plantio do capim-sudão reduziu a possibilidade de surgimento de plantas indesejáveis na área”, explica a pesquisadora.

Inspiração no Pampa

Segundo a Embrapa, o Pasto sobre Pasto busca mimetizar, mesmo que de forma reducionista, o que ocorre naturalmente nos campos nativos do bioma Pampa e de toda a região sul da América do Sul, onde espécies campestres de gramíneas e leguminosas, de inverno e de verão, forrageiras ou não, coexistem na mesma área, no mesmo metro quadrado e ao mesmo tempo, enriquecendo e diversificando a oferta de alimentos aos animais, e dessa forma, proporcionando mais segurança, estabilidade e resiliência ao sistema de produção.
“A sobressemeadura de azevém e outras espécies de inverno sobre o campo nativo, em uma técnica chamada de melhoramento de campo nativo, já praticada por produtores da região, é um exemplo clássico de Pasto sobre Pasto e serviu como uma das inspirações para adaptar o conceito a outras espécies e cadeias forrageiras”, destaca Sant’Anna.
Assim, a partir da observação da coexistência natural entre diferentes espécies na vegetação campestre do Sul do Brasil, passou-se a utilizar espécies cultivadas e diferentes materiais forrageiros disponíveis para compor mesclas forrageiras não convencionais com características complementares e adequadas a diferentes sistemas de produção agropecuários. “Isso com o objetivo de sobrepor ciclos de crescimento de verão e inverno de diferentes plantas, sem remover uma para plantar outra. Desse modo, se explora a sinergia e complementariedade de ciclos e características entre as plantas na comunidade vegetal da pastagem, de forma a se ter uma melhor distribuição de forragem ao longo do ano”, finaliza o pesquisador.
Por Canal Rural