sexta-feira, 4 de maio de 2018

Marabá

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Salão do Livro recebe visitantes do Sul do Pará

04/05/2018 16:02h
Uma das comitivas que visitaram o I Salão de Livro do Sul e Sudeste do Pará, no Centro de Convenções de Marabá, foi a de professores de Conceição de Araguaia, sul do Pará. O evento prossegue até o dia 6 de maio com programação diariamente.
Os educadores da rede municipal de ensino do município conseguiram, por meio da prefeitura, transporte, hotel e R$ 160 para a aquisição de livros. Com eles vieram também professores da rede estadual para adquirir títulos com o CredLivro disponibilizado pelo Governo do Estado.
Entre os presentes da comitiva de Conceição do Araguaia estava a pedagoga da zona rural, Salma Regina Santos. “O professor precisa buscar novas fontes de conhecimento, e o Salão do Livro é uma grande oportunidade”, destacou.
A ajuda financeira permitiu aos professores do município participarem da programação literária do Salão, como o Encontro Literário que reuniu os escritores Airton Souza (Marabá), Eleazar Carrias (Breu Branco) e Rosa Peres (Rondon do Pará). No espaço, Rosa Peres falou sobre o seu livro “Pelo Vitrô” e sua maneira de escrever.
“Minha escrita narra essa questão do nortista, das violências contra a mulher, nós temos que falar da nossa situação, que é muito desigual quando se pensa na literatura em relação a outros países. A nossa literatura aqui é de muita resistência, além de escrever o livro, é preciso viver o nosso livro, porque a nossa escrita tem que falar do que a gente sofre, da discriminação contra o nortista. Acho que esse movimento cultural aqui é o maior ato de revolução nesse estado nesse momento, porque estamos conseguindo nos unir enquanto escritores, estamos nos organizando”, avaliou.
O escritor Eleazar Carrias destacou a construção do seu livro “Quatro Gavetas”. Ele explicou que a publicação perpassa por quatro grandes temáticas.
“Quando olho retrospectivamente para esse livro, não houve nenhum projeto de escrita. Para se ter uma ideia, entre o poema mais antigo e o mais recente tem um espaço de 12 anos. Quando decidi organizar o livro, vi que se tratava de quatro grandes temáticas (4 gavetas):  a questão do silencio, das tensões entre presença e ausência, da falta e da minha relação com Deus e do sagrado”, enumerou.
Durante o Encontro Literário, Airton Souza emocionou o público ao falar do seu livro “Pragmatismo das flores”, uma homenagem aos pais já falecidos.
“Decidi que escreveria um livro para homenagear meu pai e minha mãe. Em certo momento, descobri que meu pai não era meu pai biológico, mas eu mantive isso em segredo porque ele não aceitaria que eu soubesse disso. Então escondi dele até a morte. Com o livro já pronto em São Paulo, veio a tragédia: meu pai morreu (há dois anos). Cancelei a publicação. Um mês depois, perdi a mãe. Os dois morreram sem saber do livro. Era para ser uma surpresa no dia do lançamento. Quando leio o livro, me assusto porque na verdade ele é um testemunho. Há poemas que falam sobre o pai e a perda, do olhar vazio. Éramos onze filhos, vivendo em extrema pobreza. O livro é uma forma de recompensar o que eles fizeram por mim, por terem tirado o alimento da boca deles para que tivéssemos caderno. Esse livro serviu para dizer a eles que tudo que fizeram por mim valeu a pena”, contou.
Além de bate papo sobre o perfil do jovem contemporâneo e palestra sobre a cultura Akrãtikatejê, os visitantes do Salão se divertiram com o show “Língua Mãe” do poeta Zhumar de Nazaré. O espetáculo foi dividido em três partes: épica, lírica e de denúncia.
“Sou um artista do palco, ator de formação e poeta, tenho aproximação de várias artes, é um show musical, mas tem a integração com outras artes, inclusive circenses. Deixo a intuição me definir, seguindo uma sequência para criar ritmos para o público. É um repertório de grande conhecimento da maioria, porque tem esse objetivo de fazer novos públicos, mas algumas são do meu repertório como ‘Cantigo negro’, Poema do Menino Jesus de Fernando Pessoa, e outras são canções que me imaginava cantando há muito tempo”, disse.
O artista também explicou a didática do show. “Ele é divido em três partes, a épica marcada pela presença, pela força do artista e da palavra; a segunda é mensageira dos anjos, do lírico de sonhos, das desilusões e das utopias. Já o terceiro faz denúncias de problemas sociais com música e literatura, como Morte e Vida Severina, ‘Brasil’. de Cazuza e tudo termina em festa com os frevos. Foi a realização de um grande sonho”, acrescentou o músico.
Programação
Na sexta (4), o Encontro Literário é com o escritor de São Paulo, Ignácio de Loyola Brandão, às 19 horas. No final de semana, no sábado tem Teatro de Bonecos “Jardim de Alice”, Pocket Show “Receita de Felicidade”, Espetáculo Infantil “Contar Histórias: Ato de encantar”, show do Studio de Dança, Flávio Fernandes e Nilva Burjack, além de oficinas inclusivas para crianças, palestra sobre o direito e a literatura  e Encontro de Cordelistas com posse de novos escritores para a Academia Paraense de Literatura de Cordel.

Por Kelia Santos

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